quinta-feira, 18 de março de 2010
A Paixão de Cristo em favor dos pobres, segundo Ratzinger
Autor: Everton do N. Siqueira
everton2040@paroquiapiedade.com.br
“Onde está Deus? Por que pudeste criar tal mundo? Por que podes ficar vendo como, muitas vezes, precisamente as tuas criaturas mais inocentes sofrem de modo mais terrível, são levadas como ovelhas para o matadouro, não podendo abrir a boca?”
Perguntas como essas se tornam comuns e são difundidas nos meios de comunicação ateus, ao passo que nós, cristãos, muitas vezes encontramos dificuldades para responder questionamentos neste sentido.
O século XX foi o século da tecnologia, onde nasceram as grandes indústrias, as novas conquistas da ciência, da computação, da internet, dentre tantas outros avanços que hoje já fazem parte de nossas vidas cotidianas, mas, por outro lado, também ficou conhecido como o século das guerras e das mortes: foram duas grandes guerras mundiais, o nazismo, o comunismo, a Guerra Fria, a guerra no Vietnã, e tantas outras que, juntas, deixaram centenas de milhões de mortos.
O momento mais terrível da paixão de Nosso Senhor, sem sombra de dúvidas, foi no instante em que ele gritou em voz alta: “Meu Deus, Meu Deus, porque me abandonaste?”(Mt 26,46; Mc 15,34). Esse grito, não pode ser entendido apenas de forma histórica, hoje “o eco deste grito ressoa mil vezes, multiplicado nos nossos ouvidos: do inferno dos campos de concentração, das frentes de batalha de luta de guerrilha, dos quarteirões de miséria dos famintos e desesperados.”
Em cada pessoa sofrida, faminta, vítima da pobreza ou de crimes que se multiplicam a todo dia, é Cristo que continua a gritar:“ Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?”, e com isso, neste século XX toda a humanidade foi como que transportada àquele momento da paixão repetindo o mesmo grito de forma constante.
Meu Deus, meu Deus, porque abandonastes o teu povo?
O povo sofrido que vive no deserto da fome continuam a fazer essa pergunta sem cessar, assim surge uma proposta marxista pretendendo dar solução terrena a essas necessidades temporais dos pobres, e, mais em evidência nos dias atuais, uma teologia que pretende colocar o alimento corporal acima do alimento espiritual.
Ao tentar Jesus, o diabo prometeu transformar as pedras em pão, mas foi o resultado foi exatamente o contrário: pães transformados em pedras.
Ainda sobre a atual dualidade que remonta os tempos da Guerra Fria convém lembrar que a propagação do cristianismo não leva automaticamente à melhora do mundo e que a salvação que vem de Deus não é nenhuma grandeza quantitativa. “Não é, por si só, a instituição de um novo sistema político e social que excluiria a desgraça”, portanto uma teologia que defenda esse princípio não pode ser verdadeira, nem tampouco deve ser chamada de cristã.
Então, como podemos, afinal explicar o sofrimento do mundo que clama cada dia mais por misericórdia e justiça? De fato, todos nós temos uma parcela de culpa no sofrimento dessas pessoas, pois, todas as vezes que ficamos sentados em nossas poltronas, assistindo como meros espectadores os terrores que acontecem a nível global é a Jesus que deixamos de ajudar (Cf. Mt 25,45).
A salvação não se dá neste mundo, pois o próprio Jesus afirma perante Pilatos que o teu Reino não é deste mundo (Cf. Jo 18,36), “a salvação do mundo não vem de uma mudança ou de uma política absolutamente estabelecida que se tornou divina. Deve-se trabalhar na transformação do mundo continuamente: com sobriedade, realismo, paciência, humanidade. Mas há uma exigência e uma pergunta do homem que ultrapassa tudo o que podem realizar a política e a economia, capaz de ser respondida só por Cristo crucificado, pelo homem no qual o nosso sofrimento toca o coração de Deus, o amor eterno.”
Fonte: blog.cancaonova.com/felipeaquino
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