O futebol é uma caixinha de surpresas, mas a micropolítica, quando movida por interesses subalternos, pode ser uma caixinha de obviedades.
Uma rusga dividiu nesta semana o técnico da Seleção que está a caminho do hexa e a TV Globo, que lidera a audiência em todos os segmentos sociais e em todas as categorias de programas- o que atrai não só o olho gordo dos concorrentes, como o despeito político dos que não se conformam com a sua hegemonia, que classificam equivocadamente como “monopólio”.
E como foi que essa salada russa conseguiu ser transformada num fato político?
Procurem os incansáveis ativistas de sempre.
Procurem os sites,os blogs, os twitters dos que invejam a desenvoltura com que o tenente coronel Hugo Chavez trata os órgãos de imprensa dos quais não gosta.
Foi aí que nasceu uma campanha “Um Dia Sem Globo”, que foi vendida como um desagravo ao valente técnico que não seu rendeu à tirania global, prenúncio de uma vida sem imprensa-ou de uma imprensa sob controle.
A leitura é óbvia: a campanha é desonesta intelectualmente e mal intencionada porque seu verdadeiro motivo - que é o de fazer bullying ideológico contra a imprensa independente - está disfarçada em defesa do pobre técnico perseguido pela emissora que, segundo a mitologia corrente nesses meios, trata mal o governo que tem uma aprovação nunca antes vista neste país.
Não se fale em livre concorrência ou livre direito de escolha entre essas pessoas, porque esse é o tipo de linguagem que eles se recusam a entender.
Não concebem que as pessoas sejam capazes de discernir e escolher livremente o canal de TV que querem ver-ou escolher livremente qualquer outra coisa.
Não concebem a vida sem controle, sem dirigismo, sem patrulha.
Abominam o livre arbítrio, e como não sabem o que fazer com ele, querem abolir o dos outros.
Se você acha a Globo soberba, o Galvão um chato, não gosta de novelas, odeia o Jornal Nacional, mude para o canal que quiser, quando quiser, e não quando uma milícia ideológica mandar.
A liberdade é sua, não a entregue a terceiros.
Sandro Vaia é jornalista. Foi repórter, redator e editor do Jornal da Tarde, diretor de Redação da revista Afinal, diretor de Informação da Agência Estado e diretor de Redação de “O Estado de S.Paulo”. É autor do livro “A Ilha Roubada”, (editora Barcarolla) sobre a blogueira cubana Yoani Sanchez.. E.mail: svaia@uol.com.br
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