quinta-feira, 10 de junho de 2010

UMA REFLEXÃO NECESSÁRIA, ANTES QUE NOS PROIBAM DE PENSAR

A LIBERDADE DE OPINIÃO NÃO É UMA OPINIÃO SOBRE A LIBERDADE

Participei, na terça-feira, de um seminário promovido pelo Centro de Liderança Pública, dirigido por Luiz Felipe D’Ávila, que tinha um eixo interessante, centrado na palavra “coragem”: Coragem de Determinar Prioridades e de Liderar Mudanças Inovadoras.

Coube a mim falar sobre a “Coragem de defender a liberdade de opinião, o Estado de direito e as instituições democráticas”.
E me dei conta, enquanto falava, do quão maluco poderia parecer o tema: “Então é preciso CORAGEM para defender essas coisas”?
Sim!
Porque, como afirmei no encontro, é preciso enfrentar a “legião da desqualificação”, que pretende transformar a liberdade de opinião em mera opinião sobre a liberdade.

Parece mero jogo de palavras?
Mas não é!
A liberdade de opinião é um direito consagrado nas democracias.
Se ela passa a ser considerada uma mera opinião sobre a liberdade, significa que pode ser solapada por outras opiniões, inclusive a daqueles que acreditam que há valores maiores e mais importantes do que a liberdade: os interesses do estado, os interesses do governo, os interesses dos ditos movimentos organizados…

Na minha intervenção, tratei das três frentes que reúnem os inimigos da liberdade de expressão: a frente legal, a frente econômica e a frente propriamente política.
Na questão legal, lembrei que o governo Lula começou tentando expulsar do país um jornalista que sugeriu que ele tomava uns pileques de vez em quando, passou pela tentativa de criar o Conselho Federal de Jornalismo e chegou às tais conferências — de Direitos Humanos, de Comunicação e de Cultura — que pregaram abertamente o controle estatal dos meios de comunicação.

Na frente econômica, lembrei as tentativas, que passam de uma centena e ainda em curso, de criar limites à publicidade, fonte da independência editorial dos veículos de comunicação. Deixado o governo e algumas ONGs à vontade, será proibido fazer propaganda de biscoito e de água. Se diminui a importância da publicidade privada num veículo, cresce a importância da publicidade estatal ou pública. E quem se dana é a liberdade.

Tratei também da distribuição política da verba oficial de propaganda e da verba das estatais, feita segundo as afinidades ideológicas do governo. Bancos públicos financiam hoje, entre outros, blogueiros que estão a serviço do petismo e de sua candidata à Presidência.

As ameaças à liberdade se dão em dois planos distintos, mas que se combinam: há o oficial mesmo, conduzido pelo governo e pelo estado, e há o que se opera na esfera dos valores, com a tentativa de banir a divergência.

Nós sabemos bem o que eles querem, o que já foi revelado por um dos blogueiros do oficialismo: fichar quem não se ajoelha diante da divindade.
Pois é.
Chegamos ao ponto em que é preciso ter coragem.

http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/a-liberdade-de-opiniao-nao-e-uma-opiniao-sobre-a-liberdade-ou-um-seminario-de-que-este-escriba-participou/

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