Na mais recente edição do Monitoramento de Educação para Todos, divulgado em janeiro pela Unesco, o Brasil ocupa um bisonho 88° lugar no ranking que incluiu 128 países.
Nenhuma surpresa.
O sistema educacional brasileiro está em frangalhos.
Os investimentos do governo Lula são anêmicos.
Até os carrinhos de pipoca estacionados nas portas dos colégios sabem que São Paulo tem o desempenho menos lastimável entre todos os Estados.
Só o senador Aloizio Mercadante não sabe disso ─ ou finge que não sabe, o que dá no mesmo.
Durante sabatina promovida pelo UOL, o candidato a governador ensinou que a educação vai bem no Brasil inteiro, menos em São Paulo.
Depois de afirmar que as escolas paulistas foram transformadas em fábricas de ignorantes (e por isso mesmo fortes candidatos ao desemprego), Mercadante declarou-se prisioneiro da angústia. “O que você fala para um menino que está há 12 anos na escola do PSDB e agora chega no final do ensino médio e não sabe o que vai fazer?”, perguntou aos brados o Herói da Rendição. “Como é que vai entrar no mercado de trabalho se não tem o domínio básico da leitura, das primeiras contas, da aritmética, da matemática, do conhecimento básico?”
Há pelo menos 30 anos, afinado com todos os companheiros diplomados ou não, ele garante que não é preciso estudar para ser presidente da República.
Há pelo menos 20 recita que qualquer reparo à formação indigente do chefe é coisa de preconceituoso.
Há sete anos e meio repete que o maior dos governantes desde a primeira caravela é a prova viva de que a acumulação de conhecimentos é hobby de elitista.
Só agora resolveu inquietar-se com o fantasma da ignorância.
O que dizer a um jovem que precisa de emprego mas “não tem o domínio básico da leitura, das primeiras contas, da aritmética, da matemática, do conhecimento básico?”
Boa pergunta, deveriam apartear em coro os jornalistas presentes, para em seguida responder aos berros: “Diga ao menino que ele pode virar presidente da República!”
Talvez consiga um segundo mandato.
E escreva o prefácio de outro livro do companheiro Aloízio Mercadante.
Fonte: Augusto Nunes
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