Leia trecho da reportagem “A busca da hegemonia”, de Otávio Cabral, na VEJA.
Há dois meses, um político respeitável testemunhou uma cena insólita no gabinete do presidente Lula.
Aliado de primeira hora do governo, ele discutia estratégias eleitorais com o presidente.
De repente, sem se anunciar, irrompeu na sala o ministro Franklin Martins, da Comunicação Social, eufórico, com as mãos ocupadas por recortes de jornal com notícias sobre a criminosa ofensiva desencadeada pela presidente da Argentina contra a imprensa.
“A Argentina é que deveria invejar nosso modelo de liberdade”, disse o político.
Franklin apanhou os recortes e deixou o gabinete. A conversa voltou ao tema anterior, eleições, mas deixou no ar um intrigante clima de constrangimento. Franklin Martins foi militante partidário enquanto exerceu a profissão de jornalista, até tornar-se Ministro da Supressão da Verdade do governo Lula.
Desde 2007. Martins passou a despejar dezenas de milhões de reais em cerca de 3000 pequenas emissoras de rádio no interior do Brasil. Cada uma delas recebe de 5.000 a 10.000 reais por mês. O preço que cobram para divulgar apenas notícias de interesse do partido e do governo. “Nós, por convicção ou necessidade, já tendemos a ser governistas. Ainda mais agora, recebendo verbas para financiar nosso funcionamento, a adesão ao governo Lula é total. Não há rádio ou TV no interior do país que fale mal do governo”, diz um deputado da base aliada, dono de uma emissora de rádio em um pequeno estado do Norte.
Na semana passada, durante uma manifestação no Rio de Janeiro contra a censura aos programas humorísticos. Marcelo Madureira, do programa Casseta & Planeta, da Rede Globo, fez um desabafo. Perguntado sobre quem estaria por trás do cerco que se tenta fazer às liberdades, respondeu: “É o seu Franklin Martins e essa picaretagem lá que ficam mandando recadinhos para a gente, que não pode fazer piada”.
O Palácio do Planalto tem “lembrado” a emissoras que o governo é o responsável pela renovação das concessões dos canais de televisão. Tem lembrado também que é o governo que define o destino das milionárias verbas de publicidade das empresas estatais, que patrocinam programas e eventos televisivos.
Os recados não chegam em forma de piada. (…)
Viva a “hegemonia cultural”.
Comentário de Reinaldo Azevedo:
"Como vocês viram, Franklin é capaz de gargalhar quando está falando em matar um inocente.
Para ele, a morte da liberdade de imprensa vale só um suspiro."
Fonte: blog do Reinaldo Azevedo
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