Pai Nosso que estais no Palácio...

Um dos textos escrito pelo jornalista Reinaldo Azevedo começa assim:

“O petismo só triunfa e tem triunfado porque seus advogados e procuradores na imprensa submetem a política ao que chamo “obscurantismo das luzes”. (…) O mais espantoso é que a reação dos petistas (…) é especialmente virulenta quando se atribui ao partido o que ele realmente pensa e faz.
Notem que raramente gritam: “Isso é mentira!”
Preferem o tom de denúncia: “Os reacionários estão nos perseguindo!”

E mais.

"No mundo democrático, as eleições servem para que os postulantes sejam confrontados com as verdades dos adversários e com as suas próprias verdades."

Logo após a denúncia do Mensalão, o povo se indignou e a corrupção em nosso país praticamente entrou num processo de extinção.
Mas o que aconteceu a seguir foi imperdoável.
Instituições representativas da sociedade e a midia, muito mais do que o Congresso, foram responsáveis pela ressureição dos corruptos envolvidos no esquema e, pior ainda, pela construção de um novo modelo de idolatria que vem ocupando o lugar até de símbolos sagrados, ocupando o espaço daqueles que sempre representaram o caminho que nos leva a Deus, seja Jesus para os cristãos ou mesmo outras divindades para os seguidores das diversas religiões.
Seus mandamentos e ensinamentos foram jogados no lixo.

Não se trata de criticar pela simples disputa política.
O importante é o questionamento sobre a mentalidade que está sendo construída, ou destruída, transformando um povo conhecido por sua cordialidade e índole pacífica numa massa uniforme de zumbis sem opinião nem identidade próprias, deslumbrados pela oferta do crédito fácil que garante o acesso ao consumo irresponsável, pela propaganda que apresenta índices incompatíveis com a realidade e pelo culto a um suposto mito criado pela midia e por grupos organizados.

Enquanto isso, jornalistas, lideranças e autoridades responsáveis menosprezam situações no mínimo desagradáveis, como o caos aéreo, os apagões diários que causam imensos prejuízos à população, a falta de assistência às vítimas de enchentes, os graves acidentes provocados pelas estradas esburacadas, a falta de confiança nos serviços do correio, o descontrole da violência que mata mais do que em tempos de guerra e, o pior de tudo, o sofrimento pela falta de atendimento na saúde, com recordes de mortes por dengue, gripe, hepatite e uma série de doenças que causam vítimas devido ao descaso das autoridades e a falta de investimento no setor.

Mas o que é feito para resolver esses problemas aparentemente crônicos?
Querem calar a voz dos que preservam a capacidade de se indignar, compram consciências, intimidam adversários e pressionam a sociedade com a apresentação de índices de popularidade duvidosos, como se isso fosse o suficiente para justificar a impunidade.
Para concluir, insisto nas palavras de Reinaldo Azevedo que ilustram esse cenário com perfeição:

"Alguns acham que assim está bom.
Eu avalio se tratar de uma postura detestável.
A sociedade é feita dessa diversidade.
Não me parece que caiba à Justiça decidir que valor é ou não aceitável desde que nos limites do que a Constituição resguarda.
Países se tornaram grandes libertando as palavras, em vez de aprisioná-las, como Fidel, Ahmadinejad e as Farc fazem com seus adversários.

Se a imprensa, políticos ou, sei lá, entidades não puderem atribuir a um partido aquilo de que esse próprio partido se orgulha, então é melhor desligar as urnas e decidir a eleição num tribunal.
A gente pode trocar 134 milhões de eleitores por apenas sete, que decidirão, então, por nós…"

Leiam mais no texto 134 milhões ou apenas 7?