sexta-feira, 3 de setembro de 2010

O RESPONSÁVEL PELA BANDIDAGEM

Editorial do Estadão

O procedimento dos interessados em ter acesso a declarações de renda da empresária Verônica Serra, filha do candidato tucano ao Planalto, destoa do que, tudo indica, tenha sido o padrão seguido nas violações do sigilo fiscal do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira, e de três outras pessoas ligadas ao ex-governador.
Nesses episódios, para obter o que queriam, os predadores da intimidade alheia contavam com afinidades políticas ou a ganância de servidores da agência da Receita em Mauá, na Grande São Paulo - uma verdadeira casa da mãe joana, com senhas individuais expostas e documentos eletrônicos ao alcance das vistas de qualquer um.

Por enquanto, pode-se apenas especular sobre os porquês das diferenças de estratagema.
Mas o intuito era claramente o mesmo: recolher material que pudesse ser usado contra Serra na sua futura disputa com a escolhida do presidente Lula, Dilma Rousseff.

A contar da denúncia, a Receita levou praticamente duas semanas até anunciar a abertura de inquérito administrativo sobre o vazamento de declarações de renda de Eduardo Jorge, cópias das quais apareceram em mãos de membros do comitê nacional de Dilma Rousseff.
Depois, quando vieram a público as demais violações, depois que a Justiça autorizou o vice-presidente do PSDB a ter acesso aos autos da investigação, os hierarcas da Receita, acionados pelo governo, correram a desvincular da campanha eleitoral os ilícitos revelados.
Afinal, disseram sem enrubescer, o que havia na agência de Mauá era um “balcão de compra e venda de dados sigilosos”, movido a “propina”.

Agora, destampada a devassa nas declarações de Verônica Serra, vem o presidente Lula falar em “bandidagem”.
Se quiser saber quem é o responsável último por essa degenerescência, basta se olhar no espelho.

Leiam na íntegra aqui.

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