Leia editorial do Estadão antes de se deslumbrar com as novidades do governo, aliás, muito eficiente para distrair o eleitor e abafar os escândalos que acabam sumindo dos noticiários.
Abaixo, alguns trechos:
"O governo pode considerar um sucesso a capitalização da Petrobrás - tanto para os objetivos da empresa quanto para as ambições do atual grupo no poder.
Pelo menos um dos obstáculos à exploração do pré-sal, o financeiro, será menos assustador a partir de agora.
(...)
Para o governo, a operação propiciou, além desses objetivos e de possíveis dividendos políticos, um aumento de participação do setor público no capital total da empresa.
A soma das fatias da União e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deve passar de 39,8% para cerca de 48%.
Qual a vantagem dessa mudança, se a União já detém a maioria das ações com direito a voto e, portanto, o controle administrativo?
(...)
O assunto pode justificar uma boa polêmica, exceto quanto a um ponto: uma participação governamental muito além da necessária para o controle da empresa é um desperdício.
Esse fato é ainda mais evidente quando se considera o prazo de retorno dos investimentos no pré-sal.
O dinheiro aplicado além do necessário seria muito mais útil se fosse destinado a outras finalidades.
(...)
A demanda pode não ter sido tão grande quanto se calculou a partir das primeiras informações.
À tarde, o assunto continuava misterioso.
Mas esse não é o único ponto obscuro na longa e complicada história dessa capitalização.
O processo foi iniciado há mais de um ano e desde o começo foi viciado pela decisão do governo de aumentar a presença estatal na exploração e na produção de petróleo.
Tudo se tornou ainda mais confuso quando se estabeleceu a forma de participação do governo no aumento de capital.
A ideia da cessão onerosa de 5 bilhões de barris de petróleo do pré-sal criou problemas de fixação de preços e até de cálculo dos volumes disponíveis.
Esta segunda questão continua sem resposta, porque só um furo foi feito, até agora, nas áreas selecionadas, mas as decisões finais foram tomadas como se houvesse conhecimento suficiente.
(...)
Por esses e outros fatores, não se pode avaliar a magnitude das apostas feitas neste momento.
Por enquanto, o risco de ingerência política nas atividades da Petrobrás é mais preocupante que as incertezas técnicas."
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