deu em o globo
Publicado no Noblat
Merval Pereira
O presidente Lula anda pelo Brasil a falar mal dos meios de comunicação que, segundo ele, inventam coisas contra o seu governo para impedir que ele tenha sucesso.
E o que é o sucesso que Lula procura tão ansiosamente?
A vitória de Dilma no primeiro turno.
Não é apenas para compensar as duas derrotas que sofreu no primeiro turno para Fernando Henrique Cardoso que ele quer ganhar também no primeiro turno.
O que ele teme é mais um mês de confronto direto, com tempos iguais de televisão e debates cara a cara entre sua candidata inventada e o adversário (a).
No último sábado, o presidente Lula fizera fortes ataques à imprensa em comício em Campinas, afirmando que derrotaria os adversários e "alguns veículos de imprensa que se comportam como partidos políticos".
Ato contínuo, centrais sindicais, movimentos sociais e partidos políticos anunciaram para amanhã uma manifestação contra a "baixaria nas eleições" e contra o "golpe midiático que têm como objetivo forçar a ida do candidato do PSDB [José Serra] ao segundo turno".
Seria risível se não fosse trágico.
A eleição ter um segundo turno seria "um golpe" contra a vontade do povo, como se as urnas já estivessem fechadas.
Os lulistas querem parar o país do jeito que está e acordar no dia 3 de outubro à noite, quando o resultado oficial, com a vitória de Dilma Rousseff, será anunciado.
Para eles, as pesquisas de opinião, especialmente quando realizadas pelo Vox Populi, substituem as urnas.
Qualquer coisa que aconteça até o dia da eleição que possa influir no seu resultado tem que ser congelado.
O próprio Lula diz para suas plateias para não acreditarem no que veem na televisão ou leem nos jornais, pois são invenções contra ele.
As demissões de ministros, de assessores diretos, as negociatas confirmadas, os subornos recebidos, tudo foi criação da imprensa.
Mas o grave não é esse ataque de desaforos aos meios de comunicação, comandado pelo próprio presidente da República.
O grave é o que ele prenuncia.
Pacotes de dinheiro são o fetiche da política nacional, já fazem parte do imaginário nacional.
O mais recente deles, com R$ 200 mil, apareceu na gaveta de um funcionário do Gabinete Civil sem que ele nem mesmo soubesse o que fizera para merecer semelhante prêmio.
Pequenos ou grandes, enfiados em envelopes ou simplesmente amarrados por aquele elástico ou banda de papel usados nos bancos, há anos os brasileiros se acostumaram a ver pacotes de dinheiro passando de mão em mão, ou amontoados em mesas de delegacias policiais.
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