Se a Constituição valesse para todos, o presidente da República já teria sido demitido por abandono de emprego
Na semana de 30 de agosto a 5 de setembro, o presidente da República foi chefe de governo durante 6 horas e chefe de campanha eleitoral nas 162 restantes.
Como fizera nos três dias anteriores, manteve-se distante da capital nos três seguintes.
Nunca antes na história desta República um presidente frequentou tão pouco o gabinete e suou tanto a camisa no palanque.
Entre janeiro de 2003 e agosto de 2010, Lula ficou fora de Brasília 1.103 dias.
São três anos.
Os passeios internacionais engoliram 1 ano e 3 meses.
A milhagem doméstica tem crescido extraordinariamente depois que o dono do Aerolula descobriu que “a maior obra de um presidente é eleger o sucessor”.
Desde o começo da campanha eleitoral, aparece no serviço de vez em quando.
Para fazer um comício por dia, inaugura obras concluídas há muitos governos, esqueletos de prédios, até pedras fundamentais.
A sede do Poder Executivo é um palanque em trânsito.
Não existem mais assuntos de Estado nem pendências administrativas.
Todas as questões se tornaram políticas.
Os números do PNAD aconselharam o chefe de governo a investir em saneamento básico e intensificar o combate ao analfabetismo.
O chefe de campanha continua fingindo que o Brasil está pronto e logo vai virar superpotência.
O escândalo da Receita Federal aconselhou o chefe de governo a exonerar o ministro da Fazenda e seus subordinados que colocaram o Fisco a serviço de quadrilheiros.
O chefe de campanha, em cada parada da interminável excursão financiada por quem paga imposto, discursou para socorrer os bandidos e acusar as vítimas.
Vale tudo para eleger Dilma Rousseff.
Escolher a sucessora não é uma das 29 atribuições do ocupante do cargo, fixadas pelo artigo 84 da Constituição.
Governar o Brasil compete privativamente ao presidente “exercer".
Os registros na agenda atestam que Lula delegou a Erenice Guerra a tarefa que já dividiu com José Dirceu e Dilma Rousseff.
Lula e Dilma acham Erenice uma executiva e tanto.
Os brasileiros ajuizados acham que Erenice é a prova de que o país sobrevive a tudo.
Até a uma presidente interina comprovadamente especializada em fabricar dossiês malandros, acobertar passos em falso da comandante Dilma e facilitar parcerias que enriquecem o filho espertalhão, como revela a edição de VEJA desta semana.
Se a República fosse uma empresa moderna e o presidente estivesse submetido a mecanismos de controle, Lula seria afastado já no primeiro mandato por absenteísmo contagioso e incitação à vadiagem.
Só vai chegar ao fim do segundo porque foi promovido a inimputável pelo Poder Judiciário.
Depois de desafiar a legislação eleitoral, desdenhar do Código Penal e revogar todos os códigos morais, Lula está provando que a Constituição não vale para todos.
Se valesse, o presidente que deixou de presidir o Brasil para presidir um conglomerado político de alta periculosidade já teria sido enquadrado por desrespeito à nação e demitido por abandono de emprego.
blog do Augusto Nunes.
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