Deu em O Globo
ANJ e OAB condenam ataque de Lula à imprensa
Entidades consideram ‘lamentável’ presidente manifestar desconhecimento sobre papel das mídias em democracias
Martha Beck
A Associação Nacional dos Jornais (ANJ) e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) reagiram ontem aos ataques feitos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à imprensa durante comício em São Paulo no fim de semana.
Ao discursar num comício ao lado da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, em Campinas, Lula disse no sábado que a população não precisa mais de formadores de opinião e acrescentou: "Nós somos a opinião pública."
As entidades classificaram a atitude de Lula como "lamentável" e defenderam a liberdade de imprensa.
Durante o comício, o presidente afirmou que a vitória de Dilma nas urnas vai representar a derrota não apenas de adversários políticos, "mas de alguns jornais e revistas que se comportam como se fossem um partido político".
Em nota, a ANJ afirmou que é "lamentável e preocupante" que o presidente manifeste desconhecimento em relação ao papel da imprensa em sociedades democráticas:
"O papel da imprensa, convém recordar, é o de levar à sociedade toda informação, opinião e crítica que contribua para as opções informadas dos cidadãos, mesmo aquelas que desagradem aos governantes.
Convém lembrar também que ele (Lula) jamais criticou o trabalho jornalístico quando as informações tinham implicações negativas para seus opositores."
O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, criticou Lula:
— "É lamentável que o líder maior da nação tenha esse tipo de postura em relação à imprensa.
Triste é o país que não tem liberdade de imprensa, que não pode expressar suas opiniões."
— "A imprensa deve ser livre para fazer seu papel de denunciar.
Ninguém gosta de receber críticas, mas deve saber ouvi-las e compreender que erros existem e devem ser corrigidos.
Acima da Constituição, só Deus."
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