Este homem tem a coragem de defender os valores de sua Igreja.
Mas há quem se escandalize com isso.
Governo atua para tentar dividir cúpula católica.
Dom Luiz Gonzaga Bergonzini: ele faz o que se espera de um pastor.
Não é mesmo espantoso?
O Estadão de hoje traz uma reportagem sobre a divisão de bispos da Igreja Católica provocada pelo processo eleitoral.
Leiam um trecho.
Padres, bispos e outras pessoas ligadas à hierarquia católica — e o mesmo ocorre na maioria das igrejas — podem ter a posição política pessoal que acharem mais conveniente.
Como todos nós, têm suas convicções ideológicas, sua visão de mundo para os assuntos da vida laica; assim, como cidadãos que também são, divergem sobre as qualidades deste ou daquele candidatos e os rumos do país.
Mas há algumas coisas que dizem respeito a princípios da Igreja à qual pertencem.
E o repúdio ao aborto é uma delas.
A Igreja Católica, infelizmente, está contaminada pela ideologia faz tempo — e isso, à diferença do que dizem os partidários do que chamo Escatologia da Libertação, mais a enfraquece do que a fortalece.
Para voltar à imagem de Sobral Pinto — um católico tradicionalíssimo, que enfrentou a ditadura de Getúlio Vargas e a ditadura militar—-, muitos setores trocaram a Cruz pela foice e pelo martelo.
Em vez de Jesus Cristo, rudimentos de Karl Marx.
O tal manifesto a que dom Luiz Gonzaga Bergonzini deu apoio lembra os princípios da Igreja de que ele é bispo, fazendo um histórico das muitas vezes em que o PT atuou — porque atuou — em favor da descriminação do aborto.
Cumpriu a sua obrigação de pastor. S
e Dilma Rousseff, candidata do PT, estava — e estava — comprometida com essa luta, esse, sim, é um problema da política, não da religião.
Ocorre que ela tentou resolver a questão por meio da religião, não da política.
O que quero dizer com isso?
Dilma correu para tentar provar que
a) havia mudado de idéia e se tornado uma católica exemplar;
b) havia uma grande conspiração político-religiosa contra ela.
Que tivesse a coragem de defender o seu ponto de vista, ora essa!
Ninguém é obrigado a comungar dos valores cristãos.
Nem deve fingir que comunga.
O governo federal, por sua vez, passou a atuar firmemente para rachar os bispos da Igreja Católica.
O centro-avante da operação foi Gilberto Carvalho, chefe de gabinete de Lula, ex-seminarista que tem seus interlocutores na Teologia da Libertação.
Conseguiu levar a cizânia onde deveria haver consenso.
E o consenso é pela condenação ao aborto — ou provem o contrário os adversários do manifesto.
Em uma carta aos bispos em que esclarece a sua posição, escreve d. Luiz Gonzaga Bergonzini:
“O meu comportamento é baseado em minha consciência e no Evangelho.
E visa à discussão de valores com a sociedade.
Seja qual for o resultado das eleições, filósofos, sociólogos, antropólogos, religiosos e a população já começaram a debater o que chamam de “agenda de valores”.
O relativismo na sociedade e na Igreja Católica, sempre lembrado pelo papa Bento XVI, também tem sido questionado: o meu sim é sim e o meu não é não.”
O trecho é impecável!
Uma eleição, se querem saber, sempre é decidida pela agenda de valores.
E é preciso ter a coragem de distinguir o “sim” do “não”.
Por Reinaldo Azevedo
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