quarta-feira, 3 de novembro de 2010

44% estão na oposição

O primeiro papel da oposição é assumir o seu papel
Leiam aqui o artigo que o professor Marco Antonio Villa, do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos, escreve na Folha de hoje.

A OPOSIÇÃO acreditou que criticar o governo levaria ao isolamento político.
O resultado das urnas sinalizou o contrário: 44% do eleitorado disse não a Dilma.
Ela era candidata desde 2008.

E a oposição?
Demorou para definir seu candidato.
Quando finalmente chegou ao nome de Serra, o partido estava dividido, vítima da fogueira das vaidades.
Ao buscar as alianças regionais, encontrou o terreno já ocupado.
Não tinha aliados de peso no Norte e Centro-Oeste, e principalmente no Nordeste.
Neste cenário, ter chegado ao segundo turno foi uma vitória.
No último mês deu mostras de combatividade, de disposição de enfrentar um governo que usou e abusou como nunca da máquina estatal.
Como, agora, fazer oposição?
Não cabe aos governadores serem os principais atores desta luta — a União pode retaliar e isso, no Brasil, é considerado “normal”.

É principalmente no Congresso Nacional que a oposição deve travar o debate.
Lá estará, inicialmente, enfraquecida.
Mesmo assim, pode organizar um “gabinete fantasma” e municiar seus parlamentares e militantes com informações e argumentos.
Usar as Câmaras Municipais e as Assembleias estaduais como espaços para atacar o governo federal.
E abastecer a imprensa — como sempre o PT fez — com denúncias e críticas.

Espaço para a oposição existe.
O primeiro passo é assumir o seu papel.
Deve elaborar um projeto alternativo para o Brasil.
Sair da esfera dos ataques pessoais e politizar o debate, acabar com o personalismo e o regionalismo tacanho, formar quadros e mobilizar suas bases.
É uma tarefa imediata, não para ser realizada às vésperas da eleição presidencial de 2014.

O lulismo tem pilares de barro.
É frágil.
Não tem ideologia.
Não passa de uma aliança conservadora das velhas oligarquias, de ocupantes de milhares de cargos de confiança, da máfia sindical e do grande capital parasitário.


Como disse Monteiro Lobato, preso pelo Estado Novo e agora perseguido pelo lulismo: “Os nossos estadistas nos últimos tempos positivamente pensam com outros órgãos que não o cérebro -com o calcanhar, com o cotovelo, com certo penduricalhos, raramente com os miolos”.

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