Arriscando, voluntários revelam a vida na Coreia do Norte
Claudia Sarmento, O Globo
Num país onde ninguém pode dizer o que quer e, muito menos, fotografar o que gostaria, qualquer relato sobre o cotidiano de um povo totalmente isolado vale ouro.
Se vier acompanhado de fotos e vídeos, melhor ainda, mas para isso é preciso arriscar a vida.
É o que seis norte-coreanos - treinados por um grupo de jornalistas asiáticos - vêm tentando fazer para que o mundo saiba o que acontece por trás da muralha erguida pela ditadura "COMUNISTA" de Pyongyang.
Os "agentes secretos" - suas identidades são protegidas - só conseguem encontrar a organização na fronteira com a China no máximo três vezes por ano, quando repassam o que registraram.
O material, editado em Tóquio, vem sendo publicado na revista "Rimjin-gang" e está correndo o mundo, revelando uma Coreia bem diferente das imagens oficiais de paradas militares e operários sorridentes.
Os repórteres, que vêm sendo recrutados desde 2004, conseguem driblar essa barreira e o resultado é um retrato inédito tanto do abandono das áreas rurais quanto de uma economia de mercado em expansão nas cidades.
Uma das imagens mais impressionantes, gravada na província de Pyongan, no sul, mostra o que o ditador Kim Jong-il jamais admitiria: gente que não tem o que comer, nem onde dormir.
Com uma câmera, o repórter conversa com uma sem-teto de 23 anos, mas que aparenta 13.
Exausta, ela caminha lentamente por uma plantação.
Ele pergunta sobre seus pais, e ela conta que morreram.
"O que você come?", insiste.
A moça responde: "Nada".
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