sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Lamentável.

Importante recado do Coturno.

Os velhos cursos de jornalismo dos idos de setenta ensinavam que não se deve dar destaque para casos de suicídio na imprensa.
Diziam os velhos professores que havia estudos que afirmavam que transformar suicidas em personagens famosos poderia incentivar outros casos.

A premissa aceita pela imprensa sobre o suicídio talvez devesse ter sido aplicada ao noticiário dado aos comentários racistas e xenófobos de uma jovem paulista contra nordestinos, postados no twitter.

A OAB de Pernambuco entrou com um pedido de ação junto ao Ministério Público Federal, exigindo a pena máxima para a comentarista.
É óbvio que houve uma infração gravíssima.
Um crime.
Mas também ficou muito claro que existem interessados em faturar politicamente em cima do fato, oficializando, por assim dizer, esta divisão entre brasileiros, transformando-o em gravíssimo problema nacional.

A primeira pergunta que várias pessoas estão fazendo é: por que o assunto só vem à baila agora, se o que Lula mais fez nestes oito anos foi dividir o país entre os pobres do nordeste e a elite do sul e sudeste, jogando brasileiros uns contra os outros?

A verdade é que o assunto ganhou repercussão.
E, aí é o ponto, surgem os exageros. Um jornal já publicou uma foto da "criminosa" que, desta vez, não recebeu a presunção da inocência e está sendo linchada publicamente, chamando-a de "a paulista".
Um jornal, um veículo de comunicação.

Alguém se manifestou para processar o editor por pregar abertamente a xenofobia, de forma tão irresponsável?
O resultado é o mais indesejado de todos: pipocam, nas redes sociais, movimentos pró e contra, reproduzindo aquelas brigas de torcida que tantas mortes já causaram.


Não há justificativa para abrir discussão sobre este tema, a partir de um fato isolado e de uma mensagem no twitter.
A xenofobia existe, sim, às vezes clara, na maior parte das vezes velada.
Assim como existe racismo, homofobia .
Existindo o problema, que seja objeto de pesquisas, estudos e de uma ampla campanha que promova a união do país com base em valores e não em rigores.
A OAB de Pernambuco perdeu uma excelente oportunidade para pregar, em vez da prisão de um bode expiatório, um grande movimento em prol da busca de mais paz social no país.
Teve uma atitude de ameaça, na base do "olho por olho, dente por dente" , que ficou bem explícita na entrevista dada pelo seu presidente.
Não é por aí.
Que as diferenças fiquem no campo da política, sem olhar o sotaque, o formato do queixo ou a cor dos olhos.
Não vamos deixar este país cometer um suicídio social, usando a borduna em vez do diálogo.

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