44%, SENHOR LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA, E NÃO APENAS 3%, LHE DISSERAM “NÃO!!!”
A oposição fez 10 governos estaduais — 8 do PSDB (Paraná, São Paulo, Minas, Goiás, Tocantins, Alagoas, Pará e Roraima) e 2 do DEM (Santa Catarina e Rio Grande do Norte) .
Governará 52,3% da população e bem mais da metade do PIB.
O presidente dos “83% de ótimo e bom” — que era, na verdade, quem disputava a eleição, já que Dilma fez questão de não existir — obteve 55% dos votos totais nas urnas, correspondentes a apenas 41% do eleitorado.
Assim, o PT não sai das urnas como o partido que faz o que bem entende, nem Lula se sagra como o demiurgo palpiteiro que, mesmo fora da Presidência da República, decidirá os destinos da nação.
Outra questão muito relevante a ser considerada são as condições em que a oposição obtém esse número de votos, reduzindo em mais de 10 pontos a diferença na comparação com 2002 e 2006.
O jogo, desta feita, foi muito mais pesado.
Lula e a máquina que ele mobilizou no subjornalismo não tiveram limites.
Ele despiu-se completamente do decoro — ainda ontem, falou mais um absurdo.
Seus aliados naquela variante do crime que se confunde com imprensa trilharam cada palmo da abjeção.
A estrutura do estado foi mobilizada para eleger a sua criatura eleitoral.
Manifestou-se de diversos modos: quebrando sigilos e impedindo ou procrastinando a investigação; escalando ministros de estado e chefes de estatais para falar como líderes de facção; organizando a agenda do governo e das empresas públicas para produzir factóides eleitorais.
O auge da manipulação foi o anúncio, obviamente apressado, da descoberta de uma “nova possível quem sabe provável é bem capaz” reserva de petróleo no pré-sal dois dias antes da eleição.
Fez-se ainda profissão de fé na mentira, com o fantasma ressuscitado das privatizações — a que a campanha do PSDB, é fato, respondeu, de novo, de modo desastrado, o que não retira o caráter vigarista da acusação.
Pois bem, ainda assim, apesar de tudo isso, a despeito de toda sem-vergonhice, de um constrangedor endeusamento da figura de Lula, que tocou as raias do ridículo, nada menos de 44% dos eleitores que compareceram às urnas disseram “NÃO”.
E esse “NÃO” FOI DITO A LULA, NÃO A DILMA.
Mar de votos. O que fazer?
Os oposicionistas saem desse pleito com um mar de votos.
E votos, insisto, qualificados porque conseguiram resistir a todas as vagas da empulhação e à mais desonesta campanha eleitoral a que assisti desde a redemocratização — ou antes, desde a eleição direta para os governos de estado, em 1982.
Muitos podem até apoiar o “Lula presidente”, mas não aprovaram o “Lula cabo eleitoral”.
Se as atuais oposições optarem por se opor apenas nos seis meses finais de 2014, serão jantadas de novo pelo petismo.
Opor-se não é sinônimo de dizer “não” apenas; também é sinônimo de alternativas, pelas quais se deve brigar, procurando mobilizar pessoas e correntes de opinião.
Mais: precisa estabelecer uma agenda e um conjunto de valores em nome dos quais vai lutar.
Por mais estranha que possa parecer a proposta, e sei que parece, o primeiro passo do PSDB, reitero, é mergulhar na sua própria história para recolocar os fatos no seu devido lugar.
Não pode mais continuar seqüestrado pelo PT.
No ano que vem, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso faz 80 anos.
As oposições, os 44 milhões que não se deixaram levar pela estupidez de que ele foi um mau presidente e os que têm apreço pela história devem-lhe mais do que um desagravo; devem-lhe a verdade: fundou as bases do Brasil viável.
Sem esta “volta para o futuro”, quem não tem futuro é o PSDB porque fica sem passado.
Leiam a íntegra desse brilhante comentário de Reinaldo Azevedo, o profissional que exerce o verdadeiro jornalismo.
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