sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O futuro de Serra

O futuro de Serra e o que dizem os arcanos

A Folha convocou um numerólogo/tarólogo, uma especialista na leitura de borra de café, um babalorixá, uma astróloga e um cientista político - o adivinhador Alberto Carlos de Almeida - (aqui) para tentar desvendar o futuro do tucano José Serra.

As opiniões se dividem, mas não muito.
A astróloga acha que a bola está com Aécio Neves.
O cientista político não diz isso, mas tem um argumento científico imbatível, incontestável por qualquer ciência: “política tem fila” — uma fila que, parece, vem lá da caverna de Platão.
O tarólogo, o babalorixá e a especialista em borra vêem Serra disputando de novo a Presidência da República.

O que eu acho?
Bem, eu não pratico artes adivinhatórias.
Acho que quem sai de uma eleição com as características que teve esta de 2010 com 44 milhões de votos pode reivindicar, gozando dos direitos partidários, o que bem entender desde que tenha condições objetivas para tanto.
“Política tem fila”?
Tem se aquele que a metafísica influente diz estar em primeiro lugar exibe condições de ganhar a eleição.
E, obviamente, ter as condições não quer dizer alcançar o objetivo.
O arcano das urnas é o eleitor.


O que não é aceitável — e quem entrar nessa vai quebrar a cara — é cobrar o suicídio político de quem teve 44 milhões de votos.
É uma perspectiva boçal.

A tese de que “Serra tem de sair para que o partido se renove” é uma tolice sem par.
Não é ciência política, mas expressão de uma escolha e de um desejo.
Almeida consultou a borra de sua “ciência” e descobriu no fundo da xícara o “Pogrom libertador”.

Ele quer “eliminar” Serra e os serristas.
Só assim ele acha que o PSDB terá futuro.
Para que o pensamento desse gigante prospere, é preciso sair eliminando pessoas da vida pública.
Essa é a qualidade do debate.

Bem, não será assim.
É bom civilizar esse debate.
Como se nota, o “Paradigma Almeida” não é exatamente composto de argumentos.
Ele prefere quebrar uma lâmpada na cara daqueles a quem quer vencer.
É seu jeito de caminhar na rua do pensamento.

Por Reinaldo Azevedo

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