Combativa sempre e construtiva quando possível
Leia íntegra do editorial do Estadão aqui.
“Minha mensagem de despedida neste momento não é um adeus.
É um até logo.
A luta continua.”
Ao reconhecer a vitória de Dilma Rousseff, José Serra exortou os oposicionistas a se articularem para cumprir o papel que lhes cabe no cenário político nacional.
“Para os que nos imaginam derrotados - acrescentou - quero dizer: nós estamos apenas começando uma luta de verdade.”
É ver para crer.
Um dos fatores decisivos da vitória de Lula foi o comportamento errático, quando não pura e simplesmente omisso, da oposição, ao longo de oito anos de governo petista e na campanha eleitoral deste ano.
Lula soube manipular o contraste para construir a própria imagem de líder e defensor dos fracos e oprimidos e colar nos opositores o estigma de inimigos do povo.
FHC virou anátema.
Seu governo, “herança maldita”.
E a oposição, como que sofrendo de grave crise de identidade, assistiu inerme a toda essa mistificação.
A tal ponto que em 2005, quando estourou o escândalo do mensalão, Lula estava blindado e imune aos efeitos negativos da corrupção que grassava ao seu redor.
Por muito menos, alguns anos antes Fernando Collor fora forçado a renunciar à Presidência.
É animador, portanto, ouvir o até agora principal líder da oposição convocar seus companheiros à continuação da luta política.
Pois toda nação democrática necessita de governo competente e honesto tanto quanto de oposição viva e operante, pronta e apta a fazer cumprir o fundamento da alternância no poder.
A mesma disposição manifestada por Serra foi reiterada pelo presidente nacional dos tucanos, senador Sérgio Guerra, para quem “o PT e os que ganharam de nós nesta eleição trabalharam para construir uma hegemonia, e não uma democracia."
Mas qualquer projeto oposicionista se frustrará, principalmente em termos de consolidação da democracia, se não houver a sincera disposição de banir da vida política duas práticas nefandas que o lulo-petismo consagrou: o exercício da oposição, como fez no plano nacional até 2003, pautado exclusivamente por interesses eleitorais e o tratamento de adversários políticos como inimigos a serem dizimados.
A oposição há que ser firme e combativa, sempre, e construtiva, quando possível.
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