Os três principais tópicos dos debates ocorridos nestas eleições de 2010 -aborto, corrupção e privatização- deixaram em aberto para o Brasil que surge das urnas discussões fundamentais para entendermos o país da forma que a nação e o povo brasileiros exigem.
Cada tópico desses é apenas uma ponta de imensos icebergs que, por anos, a hipocrisia eleitoral e a conveniência do governar para manter o poder mantiveram submersos.
A forma como se comportou o presidente Lula é um caso à parte.
Lula será julgado pela história e ficará na memória do país apenas pelo mal que fez à moral, às instituições, à formação dos jovens, à política e à República.
O melhor para o Brasil, agora, seria ele demonstrar amadurecimento e entender que seu tempo acabou.
O falso debate sobre privatizações, com foco na Petrobras e no pré-sal, serviu apenas para que os graves desafios que se apresentam para a economia do país não viessem à tona.
A campanha eleitoral transcorreu paralelamente a uma grave crise cambial que, para o Brasil, tem ligação estreita com o desastre que foi a política externa nos últimos oito anos.
A crise de 2008 promoveu uma necessidade de fortalecimento da globalização da economia.
Do grupo dos Brics, apenas o Brasil não percebeu isso -ou não quis, por ideologia, perceber.
Não é por acaso que o governo Lula coleciona o maior número de derrotas nas disputas por cargos em entidades internacionais, sendo a última na União Internacional de Telecomunicações, setor elevado em todo o mundo e vital para o desenvolvimento do planeta.
E, no falso debate sobre privatizações -instrumento da economia moderna que, no caso do Brasil, só se revelou exitoso, como com CSN, Vale e telecomunicações-, o que é oferecido ao brasileiro?
Um discurso ideologicamente infantilizado, extemporaneamente nacionalizado, economicamente equivocado e desastrado.
Que tipo de esperança pode-se depositar nos autores desse discurso quanto aos rumos da economia e ao desenvolvimento do país?
O trabalho da oposição começa hoje.
O que se pode esperar de governo que rejeita a receita que o mundo todo está aplicando para reorganizar a economia -cumprimento de metas fiscais, não a utilização de esquemas extraorçamentários que simulam a normalidade; redução de gastos públicos, com consequente diminuição dos juros.
A receita também inclui redução dos impostos e a implantação de justiça fiscal; a racionalização da gestão administrativa, com o funcionamento de um Estado adequado, eficaz.
E é urgente também entender o alarme que o brasileiro deu aos políticos e governantes do país.
O brasileiro é religioso e dá muito valor a isso.
É conservador e forma sua família por essa régua.
O brasileiro não é culturalmente corrupto; essa cultura está no poder.
O brasileiro, culturalmente, é honesto e tem caráter -e deu mostras de que está cansado de ser governado por quem despreza a honestidade e abraça a corrupção.
PAULO BORNHAUSEN, deputado federal (DEM-SC), é líder dos Democratas na Câmara dos Deputados.
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