quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Operação casada

Deu em O Estado de S. Paulo
Dora Kramer


Na realidade bem objetiva da divisão de poder no Congresso, PT e PMDB não querem confusão e sabem perfeitamente bem que nenhum dos dois presidirá as duas Casas.

Portanto, petistas ficam com a presidência da Câmara, onde têm a maior bancada, e pemedebistas pelo mesmo motivo ficam com o comando do Senado.

É sempre assim porque a ninguém interessa sentar na sala de espera de mãos vazias.
O PMDB faz cara de mau, exibe os músculos, mas sabe que quem tem a força de fato é a dona da cadeira.

O que uniu PMDB, PP, PTB, PSC e PR no "poderoso" bloco de 202 deputados não foi doutrina nem firmeza ideológica, mas o interesse fisiológico, pois não?
Pois, então: com engenhosidade na arte de se dividir espaços essa questão fica resolvida a contento.

Requintado o gesto realmente não foi.
Ainda mais partindo de um PMDB que outro dia mesmo assumia a vaga de Vice-Presidência na chapa de Dilma tecendo loas ao caráter programático de tal aliança.

Pois bem, embora peque de maneira mortal no quesito elegância ao partir para cima da presidente recém-eleita rasgando a fantasia antes do início do baile propriamente dito, o PMDB fez o que fazem os políticos quando querem alguma coisa e acumulam forças para conseguir.

Quando Aécio Neves quis romper o acerto existente entre PMDB e PFL no comando do Congresso, formou um bloco e conseguiu se eleger presidente da Câmara.
Explodiu a aliança que sustentava o governo Fernando Henrique.

No momento o que importa para o PMDB e os integrantes menores da coalizão é assegurar os melhores lugares possíveis na equipe da presidente Dilma Rousseff.
Depois de desenhado e formado o ministério, o comportamento será outro.

Fila preferencial.
Há no PT uma forte impressão de que a presidente eleita defina em primeiro lugar as áreas econômica - Fazenda, Planejamento e Banco Central - e de Comunicação.

Faria isso ainda dentro do mês de novembro a fim de emitir sinais de tranquilidade a dois setores: o mercado e o que os petistas chamam de "grande mídia".

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