Pisa - Cresce a diferença entre as escolas públicas e privadas
Por Simone Iwasso, no Estadão:
O fosso que separa as escolas públicas das privadas no País aumentou nos últimos três anos.
A distância entre as pontuações obtidas pelos estudantes das duas redes, que chegava a 109 pontos em 2006, cresceu e atingiu até 121 no Pisa 2009.
Mais do que pontuações diferentes, os números indicam níveis de conhecimento distintos em leitura, matemática e ciência.
Isso quer dizer que enquanto o aluno que estuda numa escola particular alcança 519 pontos em média - o nível 3 na escala de proficiência (patamar considerado razoável pelos organizadores da avaliação) -, o da pública (federal, estadual e municipal) faz 398 pontos e não sai do primeiro nível de desempenho.
Em outras palavras, com 15 anos, os alunos das escolas particulares conseguem ao menos ler um texto e extrair sua ideia principal, identificando argumentos contraditórios e pouco explícitos.
Também são capazes de relacionar informações com situações do cotidiano.
Estudantes da rede pública só entendem informações explícitas e não são capazes de perceber trechos mais importantes numa leitura.
A exceção nessa comparação fica por conta da rede pública federal, um conjunto pequeno de ilhas de excelência mantidas pelo governo federal que organizam todos os anos processos seletivos bastante disputados entre estudantes - e acabam ficando com os melhores alunos.
A pontuação deles está próxima da média dos países desenvolvidos.
Em matemática e ciências, a discrepância continua - e também registra aumento. Discrepância.
Na opinião da ex-presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) Maria Helena Guimarães de Castro, responsável por incluir o Brasil no Pisa, a novidade dos resultados de 2009 está justamente nesse aprofundamento da discrepância entre os níveis dos alunos de escolas particulares, públicas federais e públicas estaduais e municipais.
“A média dos estudantes de públicas federais e das particulares é mais alta, são índices comparáveis aos alunos dos melhores países do ranking”,
explica Maria Helena.
O problema, segundo ela, é que as escolas federais "SELECIONAM" estudantes e só as que fazem isso estão conseguindo evoluir, analisa.
“Não adianta que só os bons alunos melhorem.
O importante é ter uma média de desempenho que mostre uma qualificação do estudante brasileiro para a sociedade do conhecimento”, diz a ex-presidente do Inep.
O coordenador de educação da Unesco no Brasil, Paolo Fontani, ressalta que os países com melhor desempenho são aqueles cujos sistemas educacionais oferecem boas oportunidades de desenvolvimento para todos os alunos, independentemente da classe social.
“Criar uma escola somente para os bons alunos não funciona do ponto de vista da equidade.“
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