A conspirata tucana e a opção preferencial pelo desastre
Que coisa melancólica!
Por Reinaldo Azevedo
As oposições não conseguem tirar a sua reputação do vermelho.
Mesmo quando poderiam produzir notícias positivas — ou, ao menos, neutras —, atuam para se manter na espiral negativa.
Ontem, a bancada federal do PSDB escolheu Duarte Nogueira (SP) seu líder.
Era candidato único, com apoio de alckmistas, serristas, aecistas etc.
Chegou a defender a necessidade de se fazer uma oposição firme, consistente, programática etc.
Ainda que ganhasse só um cantinho no jornal, estaria de bom tamanho.
Mas quê…
Uma das manchetes de página interna da Folha, por exemplo, é esta:
Aécio e Alckmin isolam Serra em eleição no PSDB
Escrevem Catia Seabra e Maria Clara Cabral:
Aliados do senador eleito Aécio Neves (MG) e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, endossaram uma operação que fecha as portas do comando do PSDB para o ex-governador José Serra.
Derrotado na corrida presidencial, Serra manifesta interesse pela direção da sigla para se manter em evidência.
Numa articulação desenhada anteontem, alckmistas e aecistas lideraram abaixo-assinado pela recondução do senador Sérgio Guerra à presidência do partido. (continua...)
É possível que a versão que acusa a participação ativa de Alckmin nessa espécie de conspirata seja um tanto exagerada.
De todo modo, os jornais e sites trazem a versão da “Operação Isola Serra”.
Vamos lá.
Importa pouco saber se este blogueiro é ou não “serrista” — não dou a menor pelota para as tentativas de me etiquetar.
A questão relevante é outra: uma reunião que tem o objetivo de escolher o líder na Câmara é a mais apropriada para uma definição dessa natureza?
A resposta, obviamente, é “não”.
Especialmente quando posta em prática sem nem mesmo disfarçar o objetivo: “Ah, parece que o Serra gostaria de presidir o partido; vamos dar um olé nele!”
Beira o patético.
A “unanimidade” que se tentou construir — com as tais 55 assinaturas de um bancada de 57 deputados (muito inocente caiu na conversa) — busca demonstrar que o ex-governador de São Paulo e ex-candidato à Presidência estaria isolado no partido.
Ora, se é assim, por que fazer pela via do golpismo mixuruca o que podia seguir todos os rigores da democracia interna?
Aloysio Nunes Ferreira (SP), senador mais votado da história do partido, reagiu, ainda segundo a reportagem da Folha:
“É um aviltamento à democracia interna do PSDB tentar reeleger o presidente em reunião para escolha do líder.
Houve um rolo compressor.
Eles assinaram sob constrangimento”.
Ainda na reportagem da Folha, pode-se ler:
“Aliados de Aécio e tucanos de Pernambuco deram início à campanha para nomeação do senador Tasso Jereissati (CE) na presidência do Instituto Teotonio Vilela -outro destino cogitado por Serra.”
O clima criado, parece, é para tentar silenciar uma das vozes da oposição, que acaba de disputar uma eleição presidencial, com 44 milhões de votos.
Guerra precoce e estúpida
Não se trata desse modo uma das figuras mais expressivas do partido — e não por questão moral ou ética apenas; por pragmatismo mesmo.
Ganhe ele ou perca eleições, sou, sim, um admirador de Serra — e isso não é segredo pra ninguém.
Como não tenho de ficar fazendo “fontismo”, não corro para saçaricar entre “vencedores” para ter o que escrever.
A verdade dramática é a seguinte: trata-se de uma luta de amadores assoberbados contra profissionais metódicos.
Como na outra fábula, a do sapo que carrega o escorpião nas costas, o aracnídeo ferroa o batráquio porque, mesmo sabendo que também vai morrer, não consegue conter a sua natureza.
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