Código Florestal – Agora não tem jeito: a Folha está obrigada a provar o que afirma.
Ou…
Há coisas na imprensa que chegam a ser assustadoras.
Leiam na Folha Online o que segue.
Por Maria Clara Cabral:
O presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), afirmou nesta quarta-feira que o projeto de alteração do Código Florestal será votado em março deste ano.
A Folha revelou no último domingo que as mudanças propostas pelo projeto ampliam as ocupações de áreas sujeitas a tragédias em zonas urbanas.
O texto em tramitação no Congresso deixa de considerar topos de morros como áreas de preservação permanente e libera a construção de habitações em encostas.
Locais como esses foram os mais afetados por deslizamentos de terra na semana passada na região serrana do Rio, que mataram mais de 700 pessoas.
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Já tratei do assunto, mas me vejo forçado a fazê-lo de novo.
É impressionante que a Folha sustente o que vai em negrito.
Impressiona porque é falso.
Eu desafio qualquer um do jornal a exibir o trecho do relatório de Aldo Rebelo (íntegra aqui) que justifique essa afirmação.
Eu lamento muito ter de usar uma palavra pesada, mas o que se afirma ali é simplesmente mentira.
O texto de Rebelo não trata de áreas urbanas — remete a questão para leis específicas (inclusive a do Minha Casa, Minha Vida).
Menos ainda autoriza a construção em encostas.
Quando se refere às áreas urbanas, trata das chamadas “áreas consolidadas”, estabelecendo as condições para que assim sejam consideradas — boa parte do que foi abaixo na região serrana do Rio não cumpriria os requisitos.
Essa afirmação acaba sendo fruto de um lobby um tanto vergonhoso contra a mudança do código.
Pode-se ser contrário a ele, claro!, mas que as críticas se amparem nos fatos, não em mentiras descaradas.
Não é possível que a Folha continue a sustentar que está no texto o que não está no texto.
POR QUE O JORNAL NÃO EXIBE, ENTÃO, O TRECHO DO RELATÓRIO QUE O AUTORIZA A FAZER TAL AFIRMAÇÃO?
Outro-ladismo
O engraçado é que o jornal vai ouvir o “outro lado”, como manda o manual, certo?
Leiam isto:
“Em nota divulgada hoje, o coordenador político da Frente Parlamentar da Agropecuária , Moacir Micheletto (PMDB-PR), disse tratar-se de um ‘ranço ideológico, uma infâmia mesmo, atribuir ao projeto do novo Código Florestal Brasileiro às tragédias que se verificam nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo’.
Ele alega que o relatório não discutiu a legislação ambiental em zonas urbanas, mas uma legislação referente as atividades rurais, voltadas para a agricultura e a pecuária.”
Então vai ver ele é um mentiroso, certo?, já que o jornal assume que o código autoriza a construção em alto de morro e encostas.
Ocorre que ele está falando a verdade.
Quem lê o código constata que ele está certo e que a Folha está errada.
Só que, ó desdita!, ele é um homem “suspeito”: afinal, é ligado ao setor rural.
Já o jornalismo é isento, certo?
Pois é…
Eu confesso que sempre fico preocupado quando flagro um político falando a verdade, e o jornalismo, o contrário.
Bem, a esta altura, não tem jeito: a Folha está obrigada a exibir qual trecho do relatório de Aldo Rebelo autoriza a ocupação irregular de áreas urbanas.
Ou faz isso ou…
No blog do Reinaldo Azevedo.
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