No Estadão
A política externa brasileira é "improvisada" e está guiada mais pela promoção do "prestígio de alguns do que dos interesses nacionais do País".
A afirmação é do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que, em entrevista ao Estado, acusou a política externa do governo Lula de ter distanciado o Brasil de uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU.
Agora, cobra da presidente Dilma Rousseff que seja "consequente" com as declarações de que vai pôr os direitos humanos no centro de sua agenda.
O que é ter politica externa consequente com direitos humanos?
Apesar de ter uma posição econômica e até política de aproximação com um país, ser consequente com direitos humanos é dizer: "com isso aí eu não concordo".
Não implica romper com ninguém nem fazer uma politica de bloqueio.
É acreditar que direitos humanos são valores universais.
O Brasil foi consequente com a agenda de direitos humanos durante os últimos oito anos?
O Brasil retrocedeu na agenda dos direitos humanos, assim como havia retrocedido na questão do meio ambiente e de não aceitar metas de limitação de emissões.
Hillary Clinton disse que Brasil foi ingênuo com o Irã. O sr. concorda?
Acredito que fomos muito ingênuos.
No mínimo achando que estávamos fazendo um papel bom e positivo.
Mas o que vemos é que o resultado foi negativo.
Pelo menos para o Brasil.
O que vimos foi uma redução das chances do Brasil de participar de tais negociações depois do que ocorreu.
Nós opinamos um pouco demais.
É mais uma questão da promoção do prestigio de alguns que do interesse nacional.
Buscam o prestígio da diplomacia, do presidente, da ideia de um Brasil potência.
No Oriente Médio, temos de falar de direitos humanos.
Essa é a nossa linguagem.
Não a linguagem de que eu tenho o poder de mudar as regras do jogo lá.
É muito complicado mexer com essa região.
Mexe com interesses imensos, com a cultura.
Para o Brasil jogar, teria de estar mais preparado. Foi arriscado e mostrou improvisação.
Foi um gol contra.
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