NINGUÉM DIZ?
ENTÃO EU DIGO: DILMA E CABRAL DÃO SHOW DE INCOMPETÊNCIA NO RIO.
OU: IMPRENSA QUE CHORA NÃO PENSA!
Por Reinaldo Azevedo
Vamos a uma abordagem perigosa, delicada mesmo, do que se passa no Rio.
Para má sorte — a adicional — das vítimas, a tragédia ocorreu nos primeiros dias do governo Dilma Rousseff, no exato momento em que boa parte da imprensa estava construindo uma nova mitologia — está ainda — como chamei aqui: a da Dilma competente e silenciosa, em suposta oposição a seu antecessor, o Lula falastrão e buliçoso.
A presidente seria aquela que se esgueira nas sombras, no boníssimo sentido, para fazer o necessário.
Enquanto o Babalorixá buscava os holofotes, ela, “mais técnica”, quer saber é de eficiência. Sei…
O céu desabou sobre a região serrana no Rio no meio desse culto à Dilma toda-pura, àquela Sem Pecados.
Some-se a essa patifaria intelectual uma outra: Sérgio Cabral, governador do Rio, é o novo inimputável da política brasileira.
Em muitos sentidos, quem ocupa o vácuo deixado por Lula é ele, não Dilma.
Parte da imprensa gosta dele.
Dias antes da tragédia, ele ocupava o noticiário nos convidando a deixar de ser “hipócritas”:
1) “Quem nunca teve uma namoradinha que foi obrigada a abortar?”, ele indagava, tentando socializar os pecados;
2) não legalizar o jogo é coisa de moralistas trouxas;
3) drogas? Ora, é preciso discutir a legalização.
Alguma crítica?
Ao contrário! Cabral passava por corajoso.
E foi como um destemido que ele se mandou do Rio em viagem de férias justamente no período em que os morros do estado que ele dirige costumam se liquefazer.
Até ele sabe que algo não foi bem, tanto que chegou em falar na necessidade “autocrítica”, mas não agora evidentemente.
Os desgraçados das chuvas estão no inferno há uma semana.
O que se vê é um impressionante show de incompetência dos governos Dilma e Cabral.
A imprensa, com raras exceções, se limita a adornar com dramas pessoais a impressionante falta de coordenação no socorro aos desabrigados.
A esta altura, uma espécie de gabinete de crise já deveria ter sido criado.
Onde é o centro de operações de socorro?
Quem coordenada?
Quem é o chefe?
Quem comanda?
Ninguém sabe.
O que se tem lá é verdadeiramente um cenário de guerra.
Recorro a uma hipótese, que extrema a situação, só para que pensemos um pouco.
Ainda bem que o Brasil, por enquanto ao menos, não tem inimigos agressivos — a não ser a desídia.
Fico a imaginar se o país chegasse a ser atacado alguma vez por um país estrangeiro.
Morreríamos como gado.
Os partidos de oposição — eles existem? — também estão calados.
Temem ser acusados de explorar a tragédia.
Fico cá a imaginar um desastre nessas proporções se ocorrido no governo tucano.
São Paulo, que não padece 5% das agruras do Rio, virou alvo do Partido da Imprensa Petista.
As boçalidades escritas sobre Franco da Rocha servem de prova.
Parece que a região serrana do Rio fica nos cafundós dos Judas, na região mais inacessível do planeta.
Os relatos são dramáticos.
A ajuda não está chegando aos desabrigados.
Falta gente, falta organização, falta, ATENÇÃO!, uma ORGANIZAÇÃO DE CARÁTER MILITAR do processo de socorro.
Nessas horas, é ela que tem de coordenar os esforços civis.
Não! Em vez disso, estão todos chorando.
Choram as vítimas.
Choram os voluntários.
Choram os repórteres.
Chora o bom senso.
Só o governador do Rio e Dilma ainda não choraram.
Ele só chora quando trata dos royalties do petróleo, e ela, quando fala dos “companheiros que tombaram” tentando implantar uma ditadura comunista no Brasil.
Em matéria de tragédias humanas, são durões.
Não que eu quisesse que eles também chorassem.
Bastava que tentassem pôr um pouco de ordem no caos.
Para isso foram eleitos.
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(Uma observação: a presidente deveria estar coordenando todos os esforços de socorro às vítimas - basta lembrar o contraste entre as iniciativas do presidente do Chile no resgate dos mineiros soterrados, por exemplo, e a atitude covarde do fujão que nunca apresentou um ato de solidariedade.
Apesar da rápida passagem pelo local, provavelmente orientada pelos marqueteiros, vejam uma nota informando que o piloto sumiu.)
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