Por Demóstenes Torres
Um fantasma ronda o novo governo, como já cercou seu antecessor, e não são os companheiros que aparecem na folha de pagamento e nunca nas repartições.
É o espectro da violência.
Em novo espasmo, o tema volta à tona porque governadores pedem à presidente Dilma Rousseff a volta do PAC da Segurança.
Imerso na inércia desde 2007, acelerou apenas o crescimento da intranqüilidade.
Pelo que se desenha com os gestos dos recém-empossados, está mantida a política de agradar a bandido.
As medidas frouxas da era Lula estabeleceram o império da impunidade na república do crime.
Sai ministro, entra ministro, e os infratores continuam protegidos, enquanto a população vê blindado ocupar e traficante aos magotes sair do morro para entrar no mato e dali para o esquecimento.
Até quando comemora a ocupação de favelas o governo o faz sem prender, como se houvesse delito sem autor.
A pacificação ocorre sem apreender bens valiosos, algemar líderes ou mexer em conta bancária.
Ainda não foram anunciadas ações da presidente.
A se avaliar por seu plano de governo, o brasileiro permanecerá sob o jugo do crime organizado e, mais ainda, do desorganizado.
Se estão pouco ligando para os chefões, imagine-se a omissão das autoridades quando os personagens são considerados menos danosos – o batedor de carteira é tido como pouco prejudicial, desde que não se pergunte ao dono da carteira subtraída.
Graúdos ou pequenos, os malfeitores precisam temer o estado.
Dilma está com a oportunidade de mostrar, inclusive na segurança pública, que não se resume a fantoche de Lula.
Ele deu péssimos exemplos, como acoitar larápios, forçar sua bancada ao direito penal ínfimo, só não indultar condenados quando traído pelo esquecimento e encerrar seu tempo envolvido com um criminoso internacional condenado a prisão perpétua por matar quatro pessoas.
Caso seja essa também a nova política, o Brasil vai continuar convivendo com comunidades pacificadas em que a única pena cumprida por traficante é correr entre morros.
Está entre as promessas aproveitar a experiência carioca das Unidades de Polícia Pacificadora.
O problema é que, nelas, o traficante muda de endereço sem perder as mordomias nem as fontes de recurso, longe dos blindados das Forças Armadas, aqueles de várias rodas imunes a tiros de fuzil.
(Os blindados do governo são aqueles de duas pernas com fuzil pendurado nos pescoços imunes à lei.)
Um desafio do novo governo é, finalmente, eles se encontrarem, porque até agora o motor de uns tem sido abafado pelo riso dos outros.
No blog do Noblat.
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