Por Mary Zaidan
No Noblat
Governantes adoram bordões publicitários.
Crêem que eles podem imortalizá-los.
O Brasil já viu vários deles.
Alguns, assertivos, como o lema dos “50 anos em 5” de Juscelino Kubitschek.
Outros nem tanto, mas que asseguraram seu lugar na história, como o nefasto “Brasil, ame-o ou deixe-o”, de Garrastazu Médici, linha dura do regime militar.
Os mais recentes, criados pela geração de ouro da marquetagem política, poucos ou quase ninguém se lembra.
É o caso do “Brasil, união de todos”, do presidente cassado Collor de Mello ou do “Avança, Brasil”, de Fernando Henrique Cardoso.
O “Brasil, um país de todos” de Lula pode ou não ter o mesmo destino.
Mas já começa perdendo força ao ser substituído pelo “país rico é país sem pobreza”, anunciado pela presidente Dilma Rousseff na quinta-feira, em inédita cadeia nacional de rádio e TV.
Embora a criação de um novo slogan custe alto para o contribuinte, já que a partir dele se muda tudo - de um simples papel timbrado a todas as placas de obras -, é exigir muito que governos, mesmo os de continuidade, mantenham a identidade visual do anterior.
Cada governante quer impor sua marca.
Mas se é mesmo para pingar em pingo pingado, o melhor mesmo seria “Brasil, país rico é pais sem corrupção”.
Afinal, é na corrupção que se esvai a maior parte da riqueza brasileira – de 1,38% a 2,3% do PIB, segundo pesquisa da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) divulgada no ano passado.
Algo entre R$ 41,5 bilhões e R$ 69,1 bilhões ao ano.
Os números assustam.
Equivalem ou são maiores do que o corte “duro” de R$ 50 bilhões que o governo Dilma acaba de anunciar.
Ultrapassam, e muito, o impacto do reajuste do salário mínimo ou dos aposentados.
Pagam com folga o que se arrecadava com a famigerada CPMF.
Se o custo real sensibiliza pouco, o que dirá então do custo moral.
Para esse, ninguém liga.
País rico, presidente Dilma, é o que não se dobra à corrupção, que não tolera a impunidade.
Que abomina aqueles que se aliam a corruptos, que acobertam companheiros e abraçam Erenices, que fazem gestos de cortesia a um ex-presidente cassado por corrupção; que mantêm e engordam o reinado de gente como Sarney, que reabilitam Delúbios e Dirceus.
País rico é país digno.
Onde o pato não é pago apenas pelos não apaniguados do poder.
Onde quem rouba, mesmo sendo rico, político ou amigo, também vai para a cadeia.
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