sábado, 12 de fevereiro de 2011

É ainda pior do que se pensava (falta o Brasil saber)

A Telemar pressionou o então presidente Lula a alterar a Constituição para que ela pudesse ser dona de duas operadoras, adquirindo a Brasil Telecom.
Lula mudou a lei e, em 2008, a Oi comprou a Brasil Telecom por quase R$ 5 bilhões, grande parte com financiamento do BNDES.
Um bom resultado para um escandaloso tráfico de influência que envolve seu filho Lulinha e só agora investigado.

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Leia a íntegra de reportagem publicada em 2006 na revista VEJA. publicada em 2006.

Enquanto seu filho enriquecia, Lula quis mudar a lei que atrapalhava a Telemar

Já se sabia que o biólogo Fábio Luís da Silva, um dos filhos do presidente Lula, se tornou milionário nos últimos dois anos fazendo negócios com a Telemar, a maior operadora de telefones do país.
Também se sabia que, além de ser uma concessionária de serviço público, a Telemar é em parte uma empresa pública, pois 55% de suas ações pertencem ao Banco do Brasil, ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a fundos de pensão de estatais.

Na semana passada, descobriu-se que a relação da Telemar com Lulinha, como é conhecido o filho do presidente, é ainda mais estreita.
Em primeiro lugar, o repasse da Telemar para Lulinha não se limitou a 5 milhões de reais, como se noticiou no ano passado, nem a 10 milhões de reais, como a empresa admitiu há duas semanas.
A cifra é ainda maior: bate na casa dos 15 milhões de reais.

O mais estranho é que, enquanto a Telemar abastecia o filho de Lula com recursos, o Palácio do Planalto preparava uma mudança na legislação que beneficiava a Telemar.
O projeto foi abortado quando saiu das sombras a sociedade Lulinha-Telemar.
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Enquanto os negócios com Lulinha prosperavam, a Telemar articulava paralelamente uma transação cujo êxito dependia do governo: queria comprar a Brasil Telecom.
Como a legislação brasileira proíbe que uma empresa seja dona de duas operadoras de telefonia ao mesmo tempo, o negócio só se viabilizaria com uma mudança na lei.

O fato é que, desde o início de 2005, o governo vinha discutindo mudar a lei para permitir que uma empresa controlasse duas concessionárias ao mesmo tempo – presente dos céus à Telemar.
(...)
O cabo-de-guerra entre as teles coincidiu com um assédio repentino ao governo.
Daniel Dantas contratou o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, amigão de José Dirceu, por 8 milhões de reais.
Contratou, também, o advogado Roberto Teixeira, compadre de Lula, por 1 milhão de reais.
Não se sabe até hoje que serviço jurídico eles prestaram.

Do lado da Telemar, a situação era mais tranqüila.
Um dos controladores, o empreiteiro Sérgio Andrade, é um velho conhecido do presidente.
A única filha de Lula, Lurian, chegou a morar no apartamento de familiares de Andrade em Paris.

Além disso, Lulinha, a essa altura, já era sócio da Telemar na Gamecorp havia seis meses – embora o público ainda não soubesse disso.
Na semana passada, um ex-membro do governo, com a condição de não ser identificado, disse a VEJA que a divisão dentro do governo foi arbitrada pelo próprio presidente – que se decidiu a favor da Telemar.

(...)
O deputado Delfim Netto, que fora informado das intenções da Telemar de comprar a Brasil Telecom assim que a lei fosse alterada, procurou o presidente Lula para alertá-lo.
"Se o governo mudar a lei, vai ser um escândalo, presidente", advertiu Delfim.

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