No blog do Noblat
Arriscar-se?
Quem terá peito para tanto?
É por isso que quase todos os ministros do novo governo estão discretíssimos.
Temem pisar na bola e ser repreendidos pela presidente.
Ou perderem o emprego.
Antecipar projetos em estudo?
Nadica.
Não que lhes faltem idéias.
Mas não se sentem à vontade para submetê-los por antecipação ao crivo do público com receio de ser desautorizados pela presidente.
Lula saiu de cena com a fama do chefe sorridente que passava a mão na cabeça dos seus auxiliares.
A fama é injusta.
Lula costumava ser tão duro com sua gente como Dilma é.
Com algumas diferenças.
Expressões chulas faziam parte do seu vocabulário.
Dilma não fala palavrões.
E mesmo que reconhecesse um erro no trato com subordinados, Lula hesitava em se desculpar.
Dilma não pede desculpas.
Não existe uma alma no governo que tenha ouvido dela um pedido de desculpas.
Em compensação, algumas dezenas foram alvejadas com observações depreciativas.
Um burocrata importante do governo passado ouviu dela mais de uma vez em reuniões com outros colegas:
“Não, fulano, não diga nada.
Você só fala besteiras”.
A farta literatura existente sobre administração de empresas e líderes criativos não reserva elogios a gestores dotados das características e do estilo exibidos por Dilma.
Recomenda a delegação de tarefas, o estímulo ao conflito de opiniões e a criação de um ambiente movido a entusiasmo.
Mas se você quiser tirar a temperatura do governo, avise de supetão a qualquer um dos ministros:
“A presidente quer vê-lo de imediato”.
Certifique-se antes que o ministro não é cardíaco.
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