quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Humanismo da Estupidez

Chico Buarque inventou o humanismo da estupidez ou a estupidez humanista!
Por Reinaldo Azevedo

No horário político do PSDB que vai ao ar amanhã, de que FHC é o grande e merecido destaque, o ex-presidente afirma que sua canção favorita é “Apesar de Você”, do Chico Jabuti.
Deve ser verdade.
Mas também é conhecido o gosto do tucano pela ironia.

Creio que só está no programa porque, aos poucos, vai ficando claro onde está a raiz de algumas importantes conquistas do país, apesar das dificuldades.
Apesar de Lula ter tentando lhe tungar a biografia— com o auxílio de tipos como o sambista.
Apesar deles todos.


Na entrevista ao El País, Chico Buarque, vejam só!, reconhece que as bases do que há de virtuoso no governo Lula, de que ele foi garoto-propaganda — e também da campanha de Dilma — foram dadas pelo governo passado.
Esse não é aquele rapaz que, num encontro de “artistas” viciados em tetas do governo, afirmou que os petistas não eram do tipo que falavam fino com Washington e grosso com Paraguai e Bolívia?
Sim, acho que foi ele mesmo.

O mito lulista só se construiu na presunção do “nunca antes na história…”.
Sem a cascata do ineditismo, teria sobrado a sua vigarice intelectual, que Chico Buarque, sob o pretexto de reconhecer as virtudes do governo FHC, canta em prosa.
Então quer dizer que a gestão tucana foi “a chave” sem a qual não se teria podido avançar?
E qual a razão do discurso vigarista ao qual ele próprio aderiu?

Num momento notável da trapaça intelectual, mas muito reveladora de quem é essa gente, afirma o sambista:
“Algumas pessoas de esquerda podem pensar que [o governo FHC] não foi suficientemente humanista, mas ninguém pode negar que foi o mais inteligente.”
Deixe-me ver se entendi: há momentos na história em que o “mais humanista” não é necessariamente o mais inteligente, é isso?
Chico Jabuti está fundando o “humanismo da estupidez” — ou a estupidez humanista.
Faz sentido!
No país em que ele foi transformado em pensador, isso faz um baita sentido!

Mas ele ainda não havia esgotado seu estoque de bobagens.
O repórter do El País, mesmo numa entrevista “encantada”, nota que o cantor se refere a uma obviedade; que fazer o país avançar socialmente segundo as regras do capitalismo é mesmo o mais sensato, e dá os contra-exemplos: Venezuela, Bolívia, Equador…

O cantor prefere ignorar as referências da pergunta e se volta para um passado ainda mais remoto das esquerdas:
“Hoje nós sabemos.
Mas não há que culpar os que imaginaram, no passado - em Cuba, no Chile de Allende ou aqui, como a própria Dilma acreditava -, que a única saída era a revolução.
Agora nós sabemos que não.”


Como é?
E aqueles que sempre souberam que “não” e que pagaram e pagam, em reputação ao menos, um preço muito alto por isso?

E aqueles que foram vítimas — só em Cuba, que Chico sempre apoiou, são 100 mil mortos — do sonho desses visionários.

Como bom esquerdista, do gênero chique, ele não dá a menor pelota.
Se um esquerdista matar alguns milhares por causa de seu “humanismo pouco inteligente”, qual é o problema?

A cara-de-pau dessa gente é um troço sem limites.
Uma banda deles — ou bando — está ensaiando um movimento de união das duas pontas da história, de que Lula, o próprio, teria sido apenas um hiato necessário.
O Apedeuta volta em breve.
Egocêntrico como é, vai tentar acabar com esse momento de sinceridade de seus amigos, que decidiram reconhecer méritos a quem tem.
E Lula não pode conviver com a verdade, ainda que tardia.

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