Era uma vez a lenda da queda da desigualdade no Brasil, já desmontada.
Clóvis Rossi
Agora, todo mundo sabe que o que caiu foi a desigualdade entre salários, mas não entre a renda do capital e a do trabalho.
E esta é a desigualdade de fato obscena.
Muito bem.
Agora, surgem dados que põem em dúvida até a queda tão celebrada da desigualdade entre assalariados.
São dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), organismo oficial e bastante empenhado, de resto, na propaganda do governo.
O que diz o estudo?
Que o desemprego aumentou entre os 10% mais pobres no período 2005-2010.
Exatamente o período em que tanta gente se ufanava de que a desigualdade diminuíra.
Vejamos a comparação: em 2005, 23,1% da população mais pobre estava desempregada.
No ano passado, esse número saltou para 33,3%.
Mais: o desemprego entre os mais pobres, que era 11 vezes maior em 2005, pulou para 37 vezes mais cinco anos depois.
A notícia colhida nesta Folha acrescenta a palavra de técnicos do Ipea:
"A taxa de desemprego, que tende a ser mais elevada entre os trabalhadores de menor rendimento, tornou-se ainda mais um elemento de maior desigualdade no mercado de trabalho".
Se os mais pobres perdem emprego e, portanto, renda, e os mais ricos, ao contrário, obtêm mais empregos e, portanto, mais renda, como é possível que a desigualdade entre assalariados caia?
Deve haver alguma boa explicação, dada a qualidade técnica dos arautos da lenda, mas seria conveniente que eles viessem a público para explicar essa contradição aparentemente insanável, em vez de silenciarem como o fazem quando se aponta a outra lenda.
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