quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O jornalismo e a mentira consolidada

Por Reinaldo Azevedo

Um partido exerce, de fato, a hegemonia política quando, entre outras coisas, suas mentiras são admitidas como verdades inquestionáveis.

No Estadão Online, o jornalista Jair Stangler comenta a entrevista de Chico Buarque ao jornal espanhol El País.
E crava lá:
“Desde 1989, no entanto, Chico sempre apoio Lula e o PT nas campanhas pela presidência, inclusive em 1994 e 1998, contra o próprio FHC.
O cantor tornou-se crítico da política neoliberal adotada pelo tucano.”


Viram?
Stangler dá de barato que FHC adotou uma “política neoliberal”.
Ele e outros que sustentam a mesma batatada deveriam escrever um livro demonstrando algumas das características do “neoliberalismo” de FHC, a começar da então criticada política de câmbio administrado.
Realmente, nada poderia ser mais “neoliberal” do que isso…
Que eu saiba, os “neoliberais” sempre preferiram o flutuante.

Na vigência do “neoliberalismo” de FHC, o salário mínimo teve aumento real de 43%, expandiu-se enormemente a rede de assistência social, praticamente se universalizou o acesso à educação fundamental, milhões de pessoas saíram da miséria em razão do fim da inflação, houve um aumento do ganho médio dos salários que ainda não foi igualado…

Nem eu acho que o neoliberalismo realiza tais prodígios.
O livro provocaria uma verdadeira revolução intelectual e conceitual.
Acabaria a má fama do neoliberalismo.

Ah, é verdade…
Fizeram-se privatizações.

A da telefonia garantiu, por exemplo, que existam hoje mais telefones do que brasileiros.
O neoliberalismo também é excelente para distribuir serviços.

Como se nota, ainda que Chico Buarque faça o mea-culpa, o jornalismo não faz.
O Estadão deveria escrever um editorial sobre a herança “neoliberal” de FHC.

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