(Eu tenho a impressão que José Serra perdeu apoios e caiu nos índices das pesquisas durante a campanha eleitoral a partir do momento em que começou a manifestar de forma sincera e transparente sua opinião sobre a verdadeira situação econômica brasileira e as medidas necessárias para corrigir os desacertos até então abafados pelo governo e pela midia.
Uma das providências que considerava urgente seria um ajuste fiscal para equilibrar as contas públicas totalmente descontroladas, como podemos constatar agora que a bomba está prestes a explodir.
Venceu a eleição quem garantiu o oposto do que Serra previu.
Porém, a casa está desabando.)
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Por Sandro Vaia
Em agosto de 2010, em plena campanha eleitoral, Dilma Roussef garantia:
“Não vou fazer ajuste fiscal em hipótese alguma.
O Brasil não precisa de ajuste fiscal”.
Guido Mantega, em fevereiro de 2011, em pleno rush para cortar gastos no orçamento, diz que isso que o governo está fazendo não é ajuste fiscal, mas apenas “consolidação orçamentária”.
Como vivemos em plena sociedade do espetáculo, (não custa lembrar da palavra que a candidata tanto usava nos debates eleitorais- tergiversar) estamos liberados para brincar de dar às coisas o nome não do que significam, mas do que gostaríamos que os outros achassem que significam.
Em outras palavras: se não chamarmos o corte de 50 bilhões de reais do orçamento de “ajuste fiscal”, o ajuste fiscal deixa de existir.
Portanto, a candidata de agosto e o ministro de fevereiro estão cheios de razão.
Os idiotas somos nós: não há ajuste fiscal, ainda que o que está sendo feito tenha todas as características de um ajuste fiscal e seja de fato um ajuste fiscal, que se destina a produzir os efeitos de um ajuste fiscal: ou seja, gastar menos para evitar que a inflação cresça e e evitar que sobre cada vez menos dinheiro para pagar a dívida pública.
Um petista crítico e anônimo cochichou ao ouvido de uma coluna atenta, que “enfiamos o pé na jaca” em 2010, e agora chegou a hora de pagar a conta.
Sandro Vaia é jornalista.
Foi repórter, redator e editor do Jornal da Tarde, diretor de Redação da revista Afinal, diretor de Informação da Agência Estado e diretor de Redação de “O Estado de S.Paulo”.
É autor do livro “A Ilha Roubada”, (editora Barcarolla) sobre a blogueira cubana Yoani Sanchez.
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