sábado, 12 de fevereiro de 2011

Paralisar ou quebrar o país, eis a questão!

"Não é grande coisa" - sobre as medidas anunciadas para cobrir rombos do governo
No Estadão

É impossível cortar R$ 50 bilhões do Orçamento de 2011 e, ao mesmo tempo, preservar os investimentos e programas sociais, como quer o governo.

A conclusão é do economista Mansueto Almeida, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

"Os cortes no custeio vão responder pela menor parte do ajuste", aposta Mansueto.

Ele constatou que as despesas com viagens e diárias, que o governo pretende reduzir à metade, somam R$ 2,2 bilhões.
Ou seja, a medida de austeridade vai gerar uma economia de apenas R$ 1,1 bilhão, ou 2% do desejado.

"Não é grande coisa", comentou.

Outra medida de contenção de gastos anunciada pelo governo, a auditoria da folha de pagamento, é para ele uma "brincadeira de mau gosto".

O economista observou que os gastos federais já passam por auditoria pela Controladoria-Geral da União e pelo Tribunal de Contas da União.
Além disso, a folha é toda informatizada.

"O controle é grande, não tem funcionários fantasmas", disse.

Para chegar aos R$ 50 bilhões será necessário, portanto, cortar investimentos.
"Esse que é a grande desgraça de se fazer o ajuste fiscal", observou o consultor Raul Velloso.

"Em 2003, por exemplo, o corte foi todo neles."
Em 2011, estão autorizados investimentos R$ 63,5 bilhões, dos quais R$ 42 bilhões são do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
A parte de investimentos que não são PAC, portanto, é de R$ 21,5 bilhões.
É nessa fatia, forte candidata ao corte, que estão concentradas as emendas de parlamentares.

Não foi essa, porém, a promessa feita pelo governo.
"Na apresentação, falaram em preservar os investimentos de forma geral", observou o economista-chefe da corretora Convenção, Fernando Montero.

Ele avalia que o governo terá dificuldades em cumprir a meta de superávit primário (economia para pagamento da dívida pública), fixada em R$ 117,9 bilhões, ou 2,9% do Produto Interno Bruto (PIB), para todo o setor público.
A dificuldade decorre não só da pouca margem para cortes, mas também porque a receita está superestimada em pelo menos R$ 8 bilhões.

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