domingo, 6 de março de 2011

As compras da Petrobras: controle seu entusiasmo

Petrobrás, Compras e Transferência de Tecnologia

Segue abaixo meu mais novo artigo, no jornal Valor Econômico, baseado em um longo estudo do IPEA sobre os efeitos do poder de compra da Petrobrás nos seus fornecedores.
Empresas inovam por esforço próprio e não porque têm ajuda da petroleira.
Por Mansueto Almeida

Entre 2009 e 2010, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) fez um amplo estudo para estimar o impacto das atividades da Petrobras sobre o desenvolvimento produtivo e tecnológico dos seus fornecedores no Brasil.
O estudo foi publicado em novembro de 2010 e está disponível em um livro no site do Ipea.
Não participei do estudo, mas li com cuidado o resultado da pesquisa e comento abaixo algumas dessas conclusões.

Quando se compara os fornecedores da Petrobras com os não fornecedores, nota-se que as primeiras:
a) pagam um salário médio 80% maior;
b) têm um porte médio maior (ganhos de escala);
c) rotatividade da mão de obra menor;
d) empregam 42,1% de todos os engenheiros que têm carteira assinada na indústria e serviços selecionados pelo estudo;
e) empregam também 43,3% dos profissionais científicos e 45,9% dos pesquisadores dos setores analisados.

No entanto, os resultados não são tão espetaculares quando se investigam os efeitos dinâmicos do relacionamento com a Petrobras.

Leiam sobre as conclusões do estudo AQUI.

Em resumo, a Petrobras é uma grande empresa, com acionistas estrangeiros e com mais da metade de fornecedores industriais que são empresas estrangeiras no Brasil.
Isso não é, necessariamente, ruim; e talvez seja essencial para que a estatal continue como a empresa mais inovadora no Brasil e América do Sul.
Dito isso, precisamos entender que os dilemas para o crescimento do Brasil são muito maiores que o crescimento da Petrobras.
Assim, controle o seu entusiasmo com o “petróleo é nosso”.

Mansueto Almeida é técnico de planejamento e pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

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