Segundo economista, manobra permite a governo dizer que contém despesas quando, de fato, só a adia
Lu Aiko Otta, O Estado de S. Paulo
A presidente Dilma Rousseff herdou um problema fiscal mais sério do que o desequilíbrio que forçou o governo a programar um corte de R$ 50,1 bilhões nas despesas deste ano.
A causa seria a maquiagem das contas de 2010, numa estratégia que vem sendo repetida desde 2003.
O alerta é do economista Mansueto Almeida, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
A suspeita surgiu porque o bolo de despesas iniciadas em 2010 cujo pagamento ficou para este ano, os chamados restos a pagar, foi muito grande: R$ 128,8 bilhões.
Esse valor não aparece no Orçamento.
Ou seja, o corte não o afetou, e ele continua exercendo pressão sobre o caixa.
"O governo tem um problema com sua gestão fiscal ainda maior do que aquele que aparece nas análises do orçamento aprovado", diz Mansueto na nota técnica Restos a Pagar e Artifícios Contábeis.
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