O presidente Obama, em sua passagem pela América Latina, apresentou comportamento visivelmente diferenciado, especialmente no Brasil e no Chile.
Ficou evidente que tinha alguma recomendação ou conhecimento prévio de que o espetáculo e o oba-oba surtem mais efeito por aqui do que os acordos tão aguardados pelos setores mais sérios da economia.
No Chile, entretanto, fez questão de explicar os motivos de seu discurso voltado aos reais interesses da região.
Está no site do Claudio Humberto.
O que eu pretendo destacar, porém, é o comportamento pueril de nossas autoridades, o que, talvez, justifique a falta de entendimento e discernimento dos brasileiros sobre o que é fundamental ou superficial na escolha de um candidato, tanto para os cargos executivos, quanto os do legislativo.
Uma população que faz suas escolhas de acordo com critérios fúteis, como popularidade, está longe de conquistar algo mais do que as facilidades ao endividamento para encher a casa de tranqueiras, enquanto bolso, mente e coração permanecem vazios.
Antes de passar para a análise sobre os amiguinhos que "ficam de mal" quando são contrariados, penso ainda sobre as manifestações que aconteceram tanto aqui quanto no Chile.
Num país democrático, permite-se a divulgação aberta desses fatos.
No Brasil, os roteiros de atos, entrevistas e participações em público são rigorosamente premeditados.
A imprensa aceita e divulga a versão de que o partido que costuma liderar esses movimentos tem controle sobre esse tipo de situação.
Quando extrapolam, a cúpula se isenta da responsabilidade e a base aparece como rebelde.
Com uma lupa da verdade alguém poderia descobrir que a cúpula finge que segura a base e a base finge que desobedece - e a encenação engana muita gente.
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Lula, o ciumento
Por Reinaldo Azevedo
Consta que Lula está com inveja de Dilma.
Isso pode dar em alguma coisa?
Acho difícil.
O Apedeuta estaria reclamando especialmente do excesso de elogios da imprensa à sua sucessora.
Seria apenas uma forma de provocá-lo e de tentar minimizar a sua grande obra.
O auge da contrariedade foi a ausência no almoço oferecido pela presidente a Barack Obama.
Há um elemento de natureza também psicológica.
Se alguém elogiar muito Jesus Cristo na frente do Demiurgo, ele vai se sentir diminuído e entender que é uma provocação pessoal:
“Estão querendo dizer que Cristo era melhor do que eu…”
Lembrem-se, a propósito, que Lula tratava Obama com certa indisposição antes mesmo de o governo dos EUA rejeitar aquele acordo mixuruca que ele fez com o Irã.
Chegou a sugerir que a eleição de um negro nos EUA tinha uma importância simbólica menor do que a de um ex-operário no Brasil…
Com George W. Bush, a relação era harmoniosa.
Ideologia?
Não!
É que Lula não disputava com ele o coração dos “bem-pensantes”.
Feitas tais considerações, a contraposição apedêutica é compreensível.
O marketing de Dilma tem sido eficiente — e a imprensa tem embarcado gostosamente — em evidenciar que há diferenças significativas entre os dois governos e os dois estilos.
É uma tática de sobrevivência.
Dilma foi eleita em razão da falta de qualidades, certo?
Há mistificações em curso também?
Claro que sim!
A Dilma durona do corte de R$ 50 bilhões do Orçamento é nada menos do que a Dilma possível depois da lambança que a beneficiou, certo?
As contas só chegaram perto do descalabro porque foram anteriormente manipuladas pelo furor eleitoral.
Cortou por necessidade, não por boniteza.
Gozou das delícias da gastança e depois mostrou a sua força supostamente saneadora.
“Supostamente”?
Um governo que corta R$ 50 bilhões do Orçamento e enfia mais R$ 55 bilhões no BNDES está é sem rumo.
A presidente também foi considerada uma espécie de vítima dos tais “restos a pagar” herdados do seu antecessor, como se isso não fizesse parte de uma obra conjunta, executada a muitas mãos, sobretudo a quatro.
Os atrasos e descumprimentos das promessas do PAC foram tratados como uma espécie, assim, de herançazinha maldita — como se Dilma não tivesse sido a coordenadora do programa.
Ate os problemas óbvios na distribuição de energia, área que, mais do que qualquer outra, estava afeita à então ministra surgem como um passivo deixado pelo Apedeuta.
O mesmo se diga dos aeroportos.
Íntegra AQUI.
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