domingo, 20 de março de 2011

Governo brasileiro "fala fino" em seu próprio país

Seguranças americanos quase tiram as calças de ministros do PT.
E em solo brasileiro!
Apalparam mesmo!

Por Reinaldo Azevedo

Eu sei que é um clichê, mas não vou resistir desta vez!
Nada como um dia após o outro; nada como a história para desmoralizar o PT e os petistas.

No começo de 2002, a exemplo de todas as pessoas que entravam nos EUA ou que viajavam de uma cidade para outra naquele país, o então chanceler do Brasil, Celso Lafer, tirou os sapatos para que passassem pelo raio-x em aeroportos americanos.

Quatro meses antes, haviam acontecido os atentados do 11 de Setembro.
Os EUA estavam tomados por uma compreensível paranóia.
Depois da tragédia, o inglês Richard Reid havia tentado detonar explosivos escondidos no tênis em um vôo para Miami.
Lafer não foi o único.
Igor Ivanov, diplomata da Rússia, por exemplo, passou pelo mesmo constrangimento.
Não era um desrespeito com o Brasil em particular.
De todo modo, Lafer recebeu um pedido formal de desculpas do então embaixador interino dos EUA no Brasil, Cristobal Orozco.

E daí? Não adiantou nada!
Lula, o grande ausente do almoço com Obama, satanizou Celso Lafer, um homem decente, até enjoar.
Transformou-o num símbolo da suposta submissão do Brasil aos interesses americanos, exemplo acabado de falta de altivez, emblema de um país que não se dava ao respeito.
Lula levou o caso à campanha eleitoral de 2002, de 2006 e, pasmem!, de 2010.

Leiam agora esta reportagem do Estadão Online:

Indignados com a forte revista feita pela segurança da comitiva de Barack Obama, os ministros Guido Mantega (Fazenda), Edison Lobão (Minas e Energia), Aloizio Mercadante (Ciências e Tecnologia) e Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) não pensaram duas vezes: abandonaram o encontro da Cúpula Empresarial Brasil-Estados Unidos sem assistir ao aguardado discurso do presidente dos EUA.

Segundo fontes ouvidas pelo Estado, havia sido firmado um acordo com a Casa Branca para que os ministros não fossem revistados quando chegassem ao local da realização do encontro.
Após o almoço oferecido no Itamaraty, os ministros seguiram para o centro de convenções onde era realizado o encontro empresarial.
O acordo com a Casa Branca, entretanto, foi ignorado pelos seguranças americanos que estavam no local.
O ministro Aloizio Mercadante reclamou muito, mas acabou passando pela revista junto com seus colegas de ministério.
Mantega chegou a comentar que nem em viagens internacionais tinha passado por tal constrangimento.

Sem tradução
Quando chegaram ao auditório e viram que o presidente da seção americana do Conselho Empresarial Brasil-EUA, John Faraci, simplesmente subiu ao palco e começou a falar em inglês, o clima que já não estava bom entre os ministros piorou.
Sem terem recebido aparelho de tradução simultânea, Mantega, Mercadante, Lobão e Pimentel simplesmente se levantaram e foram embora.


Voltei
Dada realidade do fim de 2001 e início de 2002, não creio que Celso Lafer tenha passado por uma humilhação, embora, com efeito, tenha havido um exagero.
Mas, vá lá, ele estava na casa dos “hômi”.
Desta feita, os “hômi” é que estavam na nossa casa, não é?
E os seguranças não tiveram dúvida: apalparam o primeiro escalão!

Na eleição de 2014, o candidato ou candidata das oposições talvez possa dizer:
“Se eu for presidente, não vai ter americano apalpando ministro brasileiro em nosso próprio país”!
Toda vez que eu olhar para Mercadante, agora, vou me lembrar da cena.

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