O Estado de S.Paulo
O governo federal continua manobrando para intervir na administração da Vale, a segunda maior mineradora do mundo, maior produtora mundial de minério de ferro e maior exportadora do Brasil, com receita de US$ 24 bilhões em 2010, igual ao valor programado para investimentos em 2011.
O presidente Lula jamais disfarçou seu desejo de "reestatizar" a empresa, transformando o principal executivo do grupo em um cumpridor de ordens do Palácio do Planalto.
Mudou o governo e a presidente Dilma Rousseff exibe um novo estilo no tratamento de várias questões políticas e econômicas, mas a tentação de intervir na Vale não desapareceu.
A sucessora de Lula, segundo informam fontes do Executivo, mantém a disposição de substituir Roger Agnelli no comando da empresa por um dirigente mais submisso à orientação governamental.
A escolha do Conselho de Administração da Vale deve ocorrer em maio.
Fundos ligados ao governo por meio de estatais detêm 49% das ações da empresa.
Não têm poder, portanto, para eleger uma nova diretoria.
Para substituir Agnelli por algum executivo de sua preferência, o governo teria de negociar com os demais acionistas.
Já se tentou essa manobra, no segundo mandato do presidente Lula, sem resultado.
Mas foi evidenciado, mais uma vez, o empenho do governo em retomar o comando de grandes empresas privatizadas.
A Vale, a Embraer e outras grandes empresas privatizadas ganharam dinamismo quando passaram a ser comandadas com critérios estritamente empresariais e assim passaram a contribuir de forma importante para o Tesouro Nacional.
Houve um inegável ganho de qualidade gerencial.
Os argumentos do governo para intervir na Vale revelam exatamente o oposto - uma constrangedora incapacidade de entender os negócios da empresa e os interesses estratégicos do País.
Mas o País, de fato, exporta um volume desprezível de manufaturados para a China.
Isso ocorre porque o governo Lula foi incapaz de negociar melhores condições de intercâmbio.
Também foi incapaz de montar com o setor privado uma estratégia de comércio com a China e com outros parceiros.
Ao contrário: forçou a indústria nacional a aceitar o protecionismo dos vizinhos e desprezou a oportunidade de um acordo comercial com os EUA - tradicionalmente um importante mercado para os manufaturados brasileiros.
A Vale cumpre muito bem seu papel e não tem sentido responsabilizar seus dirigentes pelas tolices da diplomacia Sul-Sul.
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