quinta-feira, 3 de março de 2011

Se o eleitor não se constrange quanto mais o deputado...


No Noblat

Estranhas as críticas à Câmara dos Deputados por ter escolhido João Paulo Cunha (PT-SP) para presidir sua mais importante comissão - a de Constituição de Justiça.

Cunha é réu no processo do mensalão que corre no Supremo Tribunal Federal.

Para os esquecidos: mensalão foi o escândalo da propina paga a deputados federais dispostos a votar como queria o governo Lula em 2005.

São 40 os mensaleiros denunciados pelo Procurador Geral da República como integrantes de "uma sotisficada organização criminosa" que tentou se apoderar de parte do aparelho do Estado.

Quantos deputados respondem a processos?

Dos 513 empossados há um mês, pelo menos 59 respondem a 92 processos, segundo levantamento feito pelo portal IG.
"A maioria das acusações se refere à administração pública, como crime contra a Lei de Licitações, peculato (quando o funcionário público se apropria de bens ou valores públicos) e corrupção.

Há ainda casos de crime contra o sistema financeiro, crimes eleitorais e até crimes contra a pessoa, como homicídio e lesão corporal".


Pergunte a qualquer um deles se se considera inocente ou culpado.

Todos se declaram inocentes - assim como os condenados que viviam atrás das grades do presídio do Carandiru e foram ouvidos pelo médico Dráuzio Varella.

Uma Câmara onde só há inocentes negaria o voto para um dos seus simplesmente por que ele é réu no escândalo mais célebre do período Lula?

Se o eleitor comum não nega por que um deputado negaria?

Como observou o deputado Almeida Lima (PMDB-SE), uma voz à procura de uma idéia, quem chegou à Câmara o fez por meio do voto popular.
Foi legitimado por ele.

Não há razões, pois, para constrangimentos.

É no Japão - aqui, não - que políticos renunciam a seus mandatos ou se matam quando protagonizam escândalos públicos.

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