Por Mary Zaidan - No blog do Noblat
Não há político em campanha nem eleitor ao ser pesquisado que não aponte educação e saúde como temas líderes de suas preocupações.
A eles se juntam aqui e acolá reivindicações por mais segurança, mais emprego, melhores estradas, menos impostos.
Nada mais justo em um país que garfa mais de 35% do trabalho do cidadão para financiar um Estado que quase nada lhe devolve.
Fixando-se nas duas primeiras aflições, é uma vergonha completa.
Na saúde, as desculpas para o desdém têm endereço na extinção da CPMF, como se os recursos arrecadados de 1997 até 2007 tivessem feito alguma diferença.
A tabela de procedimentos do SUS – pagamentos que a União faz para hospitais, governos estaduais e municipais – não tem reajuste real há mais de dois anos. Programas de prevenção tiveram redução.
A dengue que o diga: só no Rio de Janeiro, os casos aumentaram em um ano vexamosos 857%.
Os números da educação são mais perversos.
O país comemorou seus 33 pontos a mais nas notas do PISA, avaliação trienal realizada em 65 países.
Melhorou, sim, mas ainda é o 53º em ciências e literatura e 57º em matemática.
Isso entre 65.
Excelência, então, nem pensar.
Na pesquisa do respeitadíssimo Times Higher Education, o Brasil ostenta o troféu de ser o único entre as economias emergentes - os Brics - fora da turma dos melhores.
Se Rússia, Índia e China se posicionam entre os 100 primeiros, o Brasil só aparece na 232ª, com a USP, uma universidade mantida pelo governo de São Paulo, que não recebe recursos da União.
Isso em um país que na era Lula passou a arrotar investimentos no 3º grau.
Fez universidades públicas se procriarem como galinhas, boa parte delas sem as condições mínimas para formar bacharéis.
E, na esteira do Pró-Uni, subsidiou faculdades privadas de qualidade questionável.
Inverteu de vez a lógica da pirâmide: menos investimento no ensino fundamental e aposta zero na universalização do ensino médio, como se fosse possível oferecer universidade para todos – como dizia o slogan - sem os passos anteriores.
As incongruências prosseguem em ritmo veloz.
No governo Dilma, a prioridade é creche.
Seguramente porque os votos estão nas mães que não têm onde deixar seus filhos.
Uma necessidade social real, mas que não deveria subverter prioridades e muito menos onerar o tão minguado orçamento da educação.
Ao condenar a maior parte dos brasileiros à ignorância, não há crescimento econômico que dê conta do recado.
O oba-oba dos governantes sobre a pujança nacional e PIB recorde está longe de livrar o país do subdesenvolvimento.
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