Eu admiro e apóio quem tem coragem de se expor para trazer à luz as razões e os porquês de tanto sofrimento de quem depende dos serviços públicos.
No serviço privado a concorrência facilita a vida do consumidor.
Se um estabelecimento não corresponde às nossas expectativas, trocamos, seremos clientes em outra freguesia.
Quem não tem escolha costuma descarregar a revolta pra cima dos profissionais, pois o próprio governo se encarrega de transferir a responsabilidade, e faz isso com esse propósito, jogar a culpa nas costas dos outros.
Leiam o caso do doutor Marco Sobreira
Gosto de escrever sobre saúde pública porque com meus 35 anos de profissão, atuando quase sempre no setor público me sinto a vontade para criticar os desmandos de um sistema do qual faço parte.
Tenho visto esforços quase que fantásticos, quase sempre a nível municipal, para ofertar ao povo uma saúde de mais qualidade, infelizmente os municípios foram sobrecarregados com a municipalização e os recursos advindos do Governo Federal são insuficientes para que melhoras substantivas sejam efetuadas.
Quando o gestor municipal não leva a saúde na sua devida importância, aí então vira o caos.
Quero denunciar mais uma ferramenta do sistema, que se no papel dos técnicos funciona maravilhosamente, na prática tem se tornado um verdadeiro fracasso, refiro-me a badalada “CENTRAL DE VAGAS”.
Foi criada para que os pacientes não fossem rejeitados sistematicamente pelos hospitais, deveria criar um sistema de referência seguro para quando se necessitasse de uma maior complexidade, não tivéssemos que ficar ligando para todo o mundo a procura de uma transferência com a garantia da vaga necessária.
Muitas vezes temos que implorar a colegas por ajuda para nossos pacientes que necessitem de UTI ou mesmo acompanhamento por especialista inexistente em nosso PAM ou hospital de menor porte.
Nas suas atribuições, a Central de Vagas receberia diariamente relatório com o número de vagas disponíveis para o SUS nos CTIs e enfermarias dos hospitais conveniados ao SUS e a partir dessa informação, as distribuiria conforme solicitações à central, seguindo critérios de ordem de solicitação e gravidade do paciente. Parece perfeito, qual o problema então?
Acontece que hospitais filantrópicos são na grande maioria dos estados os grandes ofertadores de serviços médicos ao SUS, já que o Governo não investe o suficiente na criação de hospitais públicos.
As entidades filantrópicas atendem também a planos, seguros de saúde e a particulares, além do patinho feio da história que é o usuário que precisa do sistema público de saúde.
Como a tabela do SUS está desatualizada há anos, o que paga não cobre sequer os custos de hotelaria, imaginem os procedimentos, medicamentos, equipamentos, etc...
Como precisam sobreviver começam a sonegar vagas para os doentes do SUS, principalmente para doenças crônicas que requerem internações longas, e UTIs pelo alto custo de permanência dos mesmos.
Falha a Central de Vagas porque não existe vontade política para que ela funcione corretamente, vejamos: O certo seria que todos os dias, funcionário se deslocasse aos hospitais para constatar in loco a existência ou não das vagas e não simplesmente se basear nos relatórios enviados, mas para isso há de se enfrentar o poder dos hospitais, o que não me parece, pelo menos até hoje, a vontade das Superintendências Regionais de Saúde, ou seja, falta vontade política.
Passo a relatar fato ocorrido comigo há alguns anos, para exemplificar o que se passou comigo e que com certeza faz parte de milhares colegas por esse Brasil.
Vejam AQUI
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