Conta de luz no Brasil é mais cara que em países ricos
Sílvio Guedes Crespo
Radar Econômico - Estadão
A energia elétrica fornecida para residências no Brasil é mais cara do que em diversos países ricos, como Estados Unidos, França, Suíça, Reino Unido, Japão e Itália, segundo um levantamento feito pelo professor de economia Alcides Leite, especialmente para o Radar Econômico.
Enquanto no Brasil o quiilowatt-hora (kWh) custa US$ 0,254, nos EUA o preço é de US$ 0,133.
Tomando como exemplo uma família que consome mensalmente 300 kWh, o gasto anual com a conta de luz fica em US$ 914,40 no Brasil e US$ 478,80 nos EUA.
O economista Paulo Rabello de Castro analisa a pesquisa:
“Carga tributária incidente sobre energia elétrica é uma das maiores do mundo".
No Brasil, o preço médio da energia elétrica residencial gira em torno de US$ 0,25 / kWh.
É um dos mais elevados do mundo.
Isto porque, a carga tributária (tributos e encargos) incidente sobre o setor elétrico nacional representa 45% do valor da tarifa paga pelo consumidor residencial.
A tarifa brasileira é superior a da francesa, onde a matriz energética é muito cara, por ser de natureza essencialmente nuclear.
No Brasil, paga-se quase 70% a mais do que na França.
Em relação aos EUA, a diferença é ainda maior.
O preço da energia elétrica brasileira é o dobro da norte-americana, o maior consumidor per capita desse serviço no mundo.
Desta forma, são penalizadas principalmente as classes de menor renda, cujo dispêndio com serviços essenciais e alimentação representa parcela majoritária de seus gastos correntes.
A indústria, no entanto, é setor da economia mais prejudicado pelo alto custo energético.
Segmentos eletrointensivos, como os de alumínio, papel e celulose, petroquímicos e siderúrgicos, vêem parte de sua competitividade ser comprometida.
Alguns não exportam o volume que desejariam, ao mesmo tempo em que enfrentam crescente concorrência com produtos importados.
Outro problema é que a elevada participação da energia elétrica no custo total de produção, tanto nesses, como em outros setores, afugenta novos investimentos.
Nesse ambiente, não se pode desprezar o risco de que muitas empresas sejam estimuladas a instalar suas plantas em outros países, onde a tarifa de energia elétrica seja mais barata que a nossa.”
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*Alcides Leite, que fez o levantamento de preços de energia elétrica, é professor de economia na Trevisan Escola de Negócios e inspetor-analista concursado do Banco Central.
Autor de “Brasil: A trajetória de um país forte”.
**Paulo Rabello de Castro, autor do comentário acima, é coordenador do Movimento Brasil Eficiente (MBE), que reúne mais de 80 entidades empresariais em defesa da simplificação fiscal e maior eficiência nos gastos públicos.
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