sexta-feira, 1 de abril de 2011

Dilma e o jornalista português fazem competição de desinformação.

Um video que não vale a pena ser assistido, pura perda de tempo:



Se alguém teve paciência de ouvir o mantra que certamente não teve inspiração divina, poderá, também, usar um pouco mais de seu tempo para ler algumas correções do jornalista Reinaldo Azevedo.
*
Se a gente se deixar levar apenas pelo vai-da-valsa, sem pôr atenção ao que ela diz, julgará que foi muito bem, que se saiu com desenvoltura.
Ainda que enrolando um tantinho, deu até uma resposta razoável sobre a razão por que o Brasil se absteve na votação do Conselho de Segurança da ONU que determinou a intervenção na Líbia.

Sousa Tavares fez a essa presidente, com esse presente e com esse passado, a seguinte pergunta:

Sousa Tavares - O que [a senhora] vai fazer, se é que vai fazer alguma coisa, com relação aos arquivos desse tempo [da ditadura], que estarão guardados aqui a apodrecer em Brasília?

Dilma - A Comissão da Verdade, que é a proposta que nós mandamos ao Congresso, ela tem por objetivo resgatar uma coisa que é algo fundamental, qual seja: o direito sagrado de as pessoas enterrarem seus mortos.
Enterrar não é um ato físico apenas.
Muitas vezes, enterrar é um gesto simbólico, psicológico, moral e ético.
Então essas milhões… Milhões não é… centenas de pessoas e algumas milhares que tiveram seus filhos mortos, elas têm todo o direito de enterrá-los, dessa cerimônia.
E o estado deve a elas uma explicação”.


Muito bem, muito bem, leitor!
Comecemos pelo essencial: os dois estão mal informados, tanto quem pergunta como quem responde.
Dilma, vê-se, não tem idéia de quantos são os desaparecidos, embora essa história esteja mais perto dela do que de qualquer um de nós.
Milhões?
Não!
Milhões é coisa de grandes psicopatas, assassinos em massa, a maioria de esquerda: Hitler, Stálin, Mao Tse-Tung, Pol Pot…
Milhares?
Aí já é coisa de alguns gorilas latino-americanos: há os gorilas mais modestos, como Pinochet, que matou três mil.
Há os mais robustos, como os ditadores argentinos: 30 mil.
E há os gorilaços, como os irmãos Castro: 100 mil.


Sousa Tavares deve uma correção aos telespectadores portugueses, e Dilma Rousseff deu curso a uma mentira histórica.
É bem provável que a maioria que me lê agora não saiba quantos são os chamados desaparecidos da ditadura militar brasileira.
Nem milhões, nem milhares nem centenas: são 133.
Não deveria ter havido um único, é claro!, mas as esquerdas brasileiras investem na imprecisão como estratégia de heroicização do próprio passado e de demonização do adversário.


Saiba Sousa Tavares que os “mortos da ditadura” no Brasil, incluindo aqueles que pereceram de arma na mão, são 424 — e aí se contam os justiçamentos, isto é, pessoas assassinadas pelos próprios “tribunais revolucionários” das esquerdas porque supostos traidores.
Os dados não são meus, não!
Estão no livro “Dos Filhos Deste Solo”, escrito pelo petista Nilmário Miranda.
Que se encontrem esses 133 corpos.
Não estou me opondo, não!
Mas que não se dê curso a uma fantasia.

Aliás, num raciocínio puramente comparativo, os esquerdistas conseguiram ser mais letais do que as chamadas forças de repressão, indício de que, se tivessem chegado ao poder, teriam seguido seus ancestrais históricos: juntos, os vários movimentos mataram 119 pessoas.
Não há uma só família que receba indenização.
Espero que a verdade dos fatos não seja considerada “reacionária”.


Não há mal nenhum, para ninguém, em se lidar apenas com a verdade.
Uma comissão com esse propósito não pode começar sob o signo da mentira.


O exagero e a imprecisão, nesse caso, fazem parte de um folclore moral criado pela esquerda destinado a esconder seus próprios crimes.
E eu partilho da tese de que a verdade faz bem ao Brasil.
É moralmente indecente que as 119 pessoas assassinadas pelos movimentos de esquerda tenham virado pó da história.


Não preciso que tenha havido “milhões” de desaparecidos ou de torturados para me escandalizar.
Um só já bastaria.
Ocorre, reitero, que a imprecisão faz parte de uma narrativa que tem um sentido político.


Os poderes de turno costumam ser intolerantes com as verdades que não lhes servem, ainda que elas, por si, não revelem méritos de seus adversários.

Inflação
No começo da conversa, Dilma afirma que Lula assumiu o poder com a “inflação absolutamente fora do controle”, com o país dependente do FMI e quase sem reservas.
Vamos ver.
A inflação estava em alta, sim; fora do controle, não!

Parte das dificuldades se devia ao risco PT — e ela sabe disso.
O acordo com Fundo foi celebrado com o apoio dos petistas.


FHC poderia ter deixado a batata quente para o seu sucessor.
O governo Lula assumiu e não tomou uma só medida de correção de rumo porque não havia um problema nos fundamentos, mas na conjuntura.

O dólar, que já era flutuante, estava em quase R$ 4 no fim de 2002 — parte se devia também ao risco PT.

Dilma faz quase um poema contra a inflação, afirmando que havia, no passado, quem achasse que ela não era tão grave e tal.
Eram os petistas!
Por isso se opuseram ao Plano Real.

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