Por Mary Zaidan
No Noblat
Políticos, quando precisam exibir eficiência ou amainar cobranças administrativas, cultivam o hábito de apelar aos técnicos.
Uma categoria que no imaginário coletivo não carrega a pecha nem os vícios da política e dos políticos.
Foi assim que Lula apresentou Dilma Rousseff: uma técnica competente, gerentona brava, dura, que corria longe das mazelas dos políticos profissionais.
Aquela que tudo sabia sobre energia, a mãe do PAC, a que, de fato, mandava em seu governo.
Vencidos os palanques e a eleição, Dilma não prestou contas dos programas que coordenou para o seu padrinho, muito menos deu norte ou fôlego aos que prometeu iniciar.
Projetos gerenciados por ela desde que assumiu a Casa Civil de Lula, há mais de quatro anos, empacam ou insistem em não sair do papel.
O de saneamento tem menos de 2% concluído, os de ferrovias não chegam perto disso.
Só para citar alguns exemplos.
Com ela na presidência, o PAC só executou 0,25% dos recursos previstos.
Dilma e a sua gestão se desentendem como se um fizesse oposição ao outro.
Um dos melhores exemplos é o Minha Casa, Minha Vida, menina dos olhos da presidente. O programa não consegue sair do lugar.
Ao contrário, anda para trás.
Embora a Caixa Federal relate um milhão de casas em produção, menos da metade foi entregue e apenas 10% delas ao público alvo de até três salários mínimos.
Ou seja: é impossível atingir a promessa de 60% de moradias para essa faixa de renda.
O maior problema, alegam, é o custo do terreno, especialmente nas grandes metrópoles.
Ora, não é admissível que o programa tenha sido planejado sem levar em conta essa variável.
Seria admitir uma incompetência sem precedentes.
Nem mesmo empreendimentos simbólicos escapam.
O Residencial Nova Conceição, em Feira de Santana (BA), primeiro do programa, vendido e revendido a terceiros, virou caso de polícia.
O de Governador Valadares (MG) é ainda mais irônico.
Inaugurado por Lula e Dilma em fevereiro de 2010, com fogos, textos e fotos no site da Casa Civil e no blog da então candidata ilegal e extra-oficial, o conjunto destinava-se a famílias removidas de áreas de risco, que hoje correm o risco de nada ter: as casas, erguidas sobre um lixão, ruíram, outras foram saqueadas, estão sem telhas ou fiação.
Não era bem essa a vida prometida.
Em Parintins, no Amazonas, a falta de senso é de arrepiar.
Para dar lugar às casas foram derrubadas 207 castanheiras que sustentavam 130 famílias.
Fora o absurdo de o governo ser o agente desmatador, é claro que a compensação, com o plantio de mais de mil árvores idênticas, não foi feita.
Ainda que fosse, só estariam maduras para garantir o sustento dos netos dos que perderam seu ganha-pão.
Tida como estreante na política, Dilma não deveria sê-lo como gestora.
Ou, então, tudo não passou mesmo de uma bem sucedida encenação.
Conseguiram criar, com sucesso inigualável, a figura da gerente eficaz.
Falta só tirar o script do papel.
segunda-feira, 25 de abril de 2011
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