Ainda sobre a polêmica criada (ou forjada) a respeito do texto de FHC desta semana, que está provocando um intenso debate (conseguiu o que queria, aplausos), como também deve estar causando pavor naqueles que se acostumaram a abusar da sorte sem o menor escrúpulo nem preocupação alguma com os indignados.
Vejam mais uma interpretação.
Por Ricardo Noblat:
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Em seu longo, muito comentado e pouco lido artigo para a revista Interesse Nacional, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não recomendou que a oposição desprezasse o povão e se fixasse na luta pelo voto da classe média.
Sem o voto do "povão" ninguém ganha.
Mas é isso o que ficará do artigo.
E é isso o que será explorado nas próximas eleições pelo PT e seus aliados.
Porque numa passagem do artigo os mais apressados - e os maldosos - de fato podem entender que o ex-presidente sugere deixar o "povão" para lá.
Não importa que ele agora lembre que derrotou Lula duas vezes no primeiro turno com o voto do "povão".
Ora, sem tal voto, não venceria.
Aquele era outro momento.
Fernando Henrique foi eleito em 1994 pelo Plano Real, que manietou a inflação.
E reeleito pelo medo de que o plano acabasse no buraco.
O artigo divulgado esta semana foi escrito pelo sociólogo Fernando Henrique - não pelo político semi-aposentado que ele é.
Se o político tivesse prevalecido sobre o sociólogo, o ex-presidente certamente não teria derrapado no parágrafo que está sendo lido como uma espécie de resumo do que ele quis dizer.
Como presidente da República, Fernando Henrique provou na pele a dor pelo que não disse.
E também a dor pelo que disse e acabou interpretado de outra forma.
Ele não disse "esqueçam o que escrevi".
Mas a frase foi posta em sua boca e ali permanece até hoje.
Ele chamou de "vagabundos" servidores que abusavam de artifícios para se aposentar antes do tempo.
Ficou que ele chamara os aposentados de "vagabundos".
Fernando Henrique não aprendeu a lição.
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