A sociedade revela uma carência "espetacular", mais do que afetiva.
A necessidade de acumular seguidores virtuais, por exemplo, dentre os quais verificamos trocas de conteúdos sem nexo nem significado, o desdém pela informação e, consequentemente, pelo ser humano revela o vazio de quem teria sido criado para evoluir.
Os ensinamentos que recebemos tratam da evolução da humanidade, o que nos destaca das demais formas de vida.
Mas a sensação não é de progresso.
As ações mais primitivas utilizadas para a resolução de conflitos são recorrentes.
Espantoso que passada uma década do século XXI, resgata-se com glamour uma das épocas mais "terríveis" de nossa história.
O enaltecimento da luta armada e a própria lembrança do clima beligerante da época, há até uma novela tratando do assunto, não cabem num momento no qual o ser humano deveria ter alcançado um nível de comportamento mais avançado, mas não conseguiu.
A banalização da violência já está na contramão desse processo, projetar as supostas glórias de quem usou a violência como fórmula para a satisfação de seus propósitos em nada contribui para melhorar esse quadro que tanto nos envergonha.
Mas é o que tem projeção, visibilidade.
Valores como sabedoria e solidariedade são tão ignorados quanto os verdadeiros heróis que foram responsáveis por grandes conquistas, pelas obras e ações que a cada dia nos proporcionam uma vida mais digna e confortável.
O uso da força, da mentira e do insulto parece ter mais adeptos do que a capacidade de agregar e apresentar projetos que realmente atendem as necessidades das pessoas.
Há um evidente conjunto de interesses que tenta nos convencer a viver num mundo de fantasia, no qual a ideia de viver de sonhos, possíveis ou não, vendidos pelos marqueteiros surte mais efeito do que propostas concretas.
"Não desistir de sonhos" é o padrão de mentalidade do momento e parece que está substituindo o mundo real.
Os ídolos impostos pelo espetáculo inspiram também seus seguidores.
Como a realidade é diferente da ficção, pode ser que aquilo que se copia não dê certo.
São muitos os frustrados porque não realizam sonhos, mas esquecem de valorizar o que possuem.
São muitos os derrotados imaginando que somente com agressividade conseguem resolver seus problemas, alguns importantes, que necessitariam da ajuda de especialistas, o que não justifica determinados fatos como o que aconteceu na escola de Realengo.
Bem disse o jornalista Sandro Vaia:
"Os explicadores de tragédia e consertadores das portas arrombadas, guiados pelos GPSs ideológicos, viveram intensos momentos de glória nas TVs, nas rádios, nos jornais e na internet depois da tragédia da escola em Realengo."
Quando escolhi o título do meu blog, Saber Vencer, em nenhum momento pensei apenas no conhecimento, muito menos em ganhos materiais ou na malandragem de levar vantagem com propaganda enganosa, ou seja, vender um produto sem qualidade numa embalagem atraente.
O que eu considero fundamental nos seres humanos e o que todos deveriam ter como meta, como a principal virtude de quem busca a realização pessoal e o sucesso profissional, é justamente a Sabedoria.
Não trato dos aspectos filosóficos, sociológicos, religiosos, nada disso, nem tenho condições para isso, apenas observo que essa é a marca dos vitoriosos.
E encontramos muitos, em todos os cantos, em todas as culturas, nas diversas classes econômicas e sociais, sem distinção.
Por que, então, não vivemos num mundo melhor?
Como seria bom se alguém encontrasse a resposta.
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