O Globo (Editorial)
São várias as interpretações possíveis da ousada decisão do PT de reconduzir aos quadros do partido o tesoureiro do mensalão, Delúbio Soares, réu no processo contra a “organização criminosa” criada para lavar dinheiro sujo, em tramitação no Supremo.
A ousadia está em arriscar-se a recolocar o caso novamente em circulação.
Pode ser que, vitorioso nas eleições, o partido se sinta imune a tudo, protegido de críticas “burguesas” ao desvio de dinheiro público para lubrificar o esquema de compra de apoio parlamentar ao governo Lula.
Entre as justificativas para a reabilitação do companheiro Delúbio está a de que ninguém pode ser condenado a penas perpétuas.
Ora, o ex-tesoureiro sequer foi julgado.
O partido, então, avançou o sinal ao assumir cedo demais uma posição definitiva sobre Delúbio.
Ele fora expulso da legenda há seis anos, com o estouro do caso, seguido da cassação do mandato de deputado federal do ex-ministro José Dirceu, líder do grupo no PT a que Delúbio é ligado, e considerado pelo Ministério Público chefe da “organização criminosa” do mensalão, conforme termos da denúncia contra o grupo encaminhada ao STF e acolhida pela Corte.
A única justificativa aceitável é que o partido quer premiar a fidelidade e o silêncio de Delúbio Soares, sem qualquer preocupação com o que a Justiça vier a decidir.
(continua)
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