Por Mary Zaidan
No blog do Noblat
Avalista da estabilidade econômica nos primeiros anos do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, Antonio Palocci sempre foi mais bem quisto pelo capital do que por boa parte de seus companheiros de legenda.
Chegou a ser acusado de neoliberal, o que até 2002 era pecado imperdoável dentro das hostes petistas, pelo menos da boca para fora.
Como prefeito de Ribeirão Preto foi privatista, primeiro governante a entregar a telefonia à iniciativa privada.
Como político namorava tucanos, sendo louvado e admirado pela alta plumagem que nunca – e até hoje – lhe poupou elogios.
Como ministro da Casa Civil repete o filme que encenou ao auxiliar Lula: no primeiro sinal de crise se omite, mistura seus negócios privados com os de Estado, exige proteção total do governo, enrola.
E, por fim, mente.
Foi assim em 2005, quando seu ex-assessor Rogério Buratti o denunciou como beneficiário de uma cota mensal de R$ 50 mil pagos por uma empreiteira.
Repetiu a dose ao ser descoberto como freqüentador da casa de prazeres do Lago Sul de Brasília, sede das traquinagens da República de Ribeirão Preto, e quando o sigilo do caseiro Francenildo Pereira foi quebrado.
Naquela época como agora, Palocci ficou quieto, mudo.
No máximo soltou notas desencontradas à imprensa.
O passo seguinte foi mentir.
Mentiu na Comissão de Assuntos Estratégicos do Senado e na CPI dos Bingos, negando peremptoriamente todas as acusações.
Mais tarde, denunciado à Polícia Federal por Jorge Mattoso, então presidente da Caixa Econômica, onde o sigilo de Francenildo fora arrombado, mentiu de novo ao afirmar que nada sabia.
Um mentiroso contumaz.
O que não é nada alvissareiro: mesmo se vingar algum dos 10 requerimentos de convocação protocolados pela oposição no Congresso, a chance de o ministro manter o padrão é enorme.
Até então e sabe-se lá até quando, Palocci está tendo tudo o que quer.
Mesmo dilapidando o patrimônio amealhado por Dilma Rousseff nos primeiros cinco meses, para defendê-lo não se poupam unhas nem dentes.
O empenho do governo é tamanho que as pulgas não param de pulular detrás das orelhas.
Em 2006, Palocci só caiu dezenas de mentiras depois.
Perdeu no Planalto, ganhou na planície.
Multiplicou por 20 seu patrimônio, algo que não conseguiria fazer nem se fosse ministro até o fim de uma vida muito longeva.
Curiosamente, preferiu abdicar da consultoria nababesca para voltar a ser assalariado.
Sua vida deve estar um inferno, como dizia dois dias antes de rolar Ministério da Fazenda abaixo.
Mas, ao contrário da época em que saiu quase ileso, a economia não está no céu.
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