Faz algum tempo preciso escrever sobre o TFD – Tratamento Fora do Domicilio, já postei a Portaria do Ministério da Saúde e o Manual de instruções para sua utilização.
Nesses dois documentos oficiais do SUS indicam nossos direitos ao atendimento digno, ou pelo menos a algum atendimento.
Lembrando que a Constituição preserva nossos direitos legais: Todo cidadão tem direito a Saúde e no TFD - Tratamento Fora do Domicilio - Portaria/SAS/Nº 055 de 24 de Fevereiro de 1999.
São previstos exatamente nossos casos graves de saúde, devemos cobrar nossos direitos.
Para melhor entendimento de todos, vou explicar como funciona o Sistema de Transplantes no Brasil.
É divulgado aos quatro cantos que existe uma FILA ÚNICA para cada tipo de órgão a ser transplantado.
Isso não é verdade, justifica-se o funcionamento da FILA ÚNICA dentro de cada estado, ou seja cada Estado tem sua Fila Única, isso quando o estado oferece o serviço de transplante que é um procedimento de alta complexidade.
Porém, justifica-se a existencia de divisão da Fila Única por causa da extensão territorial, longas distâncias para um órgão percorrer ainda em estado apto para transplante.
Outra regra interessante em transplantes é que quase ninguém conhece: O paciente necessita ficar até 40 km de distancia do Hospital Transplantador.
Vou usar meu exemplo, no estado do Paraná existem centrais de transplante de fígado somente em Curitiba, eu sou de Londrina, nesse caso é o TFD municipal, porque Curitiba fica no mesmo estado que Londrina.
Para conseguirmos atendimento especializado, necessitamos viajar até Curitiba, mesmo em uma consulta simples, precisamos viajar quase 400 Km de distancia.
Como o agravo da nossa patologia é grande, os médicos da fila de transplantes exigem um acompanhante, denominado como Cuidador, e viagem aérea.
Vc pode pensar: Ah! Eles vão de avião, querem moleza!
Não é!
Para uma pessoa saudável pode ser fácil, mas para quem já tem debilitações, é bem difícil.
Isso sem contar com atrasos de voos, falta de cadeiras de rodas em aeroportos e a taxa extra que teríamos que pagar para termos pelo menos um lugar para sentarmos em dia de superlotações nos aeroportos.
Chegando a cidade destino, o paciente precisa ter um local de apoio, se for um caso de consulta, um hotel basta.
Mas para o caso de transplante, é necessário alugar um local para moradia temporária, porque além do acompanhante não poder ficar na UTI, não existe forma de saber quando chegará o órgão compatível, quanto tempo levará para voce conseguir o seu novo órgão e nenhum hospital transplantador chamará um paciente que está a mais de 40 km se tem outro paciente compativel mais perto.
O que acho justo, na dúvida, transplanta logo para não perdermos o orgão que é tão raro.
E caso você consiga o órgão e faça o transplante, os médicos te retiram o mais rápido possível de dentro do hospital para evitar infecções hospitalares.
Você recebe alta do hospital, mas não recebe alta do procedimento, necessitando ainda ficarmos no máximo há 40 km de distância do hospital e nesse caso se possivel, até menor distancia para casos de emergencia na recuperação do paciente.
Acontece que, os estados e municipios que são responsáveis pelo pagamento do TFD, na sua grande maioria, pagam diárias simbólicas para evitarem serem processados.
O municipio de Londrina tem a capacidade de pagar a diária de R$ 8,40 reais para o paciente, e mais o mesmo valor para o acompanhante cuidador, totalizando R$ 16,80 Reais.
Onde uma pessoa consegue ir com esse valor?
Todos esses fatores custam caro, somam ainda as medicações que necessitamos tomar, temos que comprar e pagar porque o SUS não oferece gratuitamente, pura negligência com nossas patologias.
Ao ler sobre o Show realizado para ajudar o músico Joarez Lins, fiquei muito indignada com a falta de HUMANIDADE e forma degradante a somos submetidos.
Até quando ficaremos a mercê da má gestão do erário publico e do SUS, dependendo de campanhas e “vaquinhas” entre os amigos para conseguirmos nos manter com dignidade e menor sofrimento?
E é válido lembrarmos que só consegue um transplante no Brasil quem tem condições financeiras para bancar tudo isso.
Telma Alcazar
MegLon
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